Nosso presidente geral da República discursou hoje na COP, o maior evento mundial e intergaláctico para discutir a mudança climática. E aí o Lula disse que essa será a COP da verdade. Aparentemente, não temos como discordar. E a verdade é que o Brasil vai começar a explorar mais combustível fóssil.
Mas o mesmo Lula que mandou, outro dia, o Ibama liberar a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, mandou essas frases aqui na COP:
“Em um cenário de insegurança e desconfiança mútua, interesses egoístas imediatos preponderam sobre o bem comum de longo prazo.”
Será que Lula estaria dizendo que Davi Alcolumbre, estrela mor do Senado, teria interesses egoístas imediatos só porque quer um petróleo para chamar de seu no Amapá?
“Por isso, a COP30 será a COP da verdade. É o momento de levar a sério os alertas da ciência.”
Será que não estaria na hora de Lula levar a sério os constantes alertas de Marina Silva?
“É hora de encarar a realidade e decidir se teremos ou não a coragem e a determinação necessárias para transformá-la.”
Aparentemente, não teremos, BRASEW.
“A humanidade está ciente do impacto da mudança do clima há mais de 35 anos, desde a publicação do primeiro relatório do IPCC. Mas foram necessárias 28 conferências para que se reconhecesse, pela primeira vez, em Dubai, a necessidade de se afastar dos combustíveis fósseis e de parar e reverter o desmatamento.”
Não adiantou muito esse reconhecimento, não é verdade? Drill, baby, drill.
“Acelerar a transição energética e proteger a natureza são as duas maneiras mais efetivas de conter o aquecimento global.”
Fiquei confusa aqui. Explorar petróleo na Foz do Amazonas é acelerar a transição energética? Vai ver estou com o conceito errado de transição energética, e essa transição é apenas uma mudança de local de exploração.
“Estou convencido de que, apesar das nossas dificuldades e contradições, precisamos de mapas do caminho para, de forma justa e planejada, reverter o desmatamento, superar a dependência dos combustíveis fósseis e mobilizar os recursos necessários para esses objetivos.”
Sim, estamos todos convencidos das contradições, presidente.
“O combate à mudança do clima deve estar no centro das decisões de cada governo, de cada empresa, de cada pessoa.”
Mas vão vocês na frente que depois a gente vê o que faz.
“Enquanto isso, a janela de oportunidade que temos para agir está se fechando rapidamente.”
Corre, Lula, corre que dá tempo de parar a exploração do petróleo na Foz do Amazonas.
“Temos que abraçar um novo modelo de desenvolvimento mais justo, resiliente e de baixo carbono.”
Mas foi preciso um navio cheio de óleo combustível para se hospedar em Belém. Ai, Tixa, que maldosa você está. Eu, darling? Estou só consciente do fim do mundo.
Para os perdidos. A ministra Marina Silva sempre foi contra a exploração do petróleo na Foz do Amazonas, alertando que poderia causar desmatamento, poluição e destruição de ecossistemas frágeis, e ameaçar também comunidades indígenas. Se vazar petróleo, então, por conta das correntes marítimas, é possível que os rios do Amazonas também sejam atingidos. Ela defendia que se fizesse transição energética. Mas ela sabe que a política funciona assim: o presidente precisa do Congresso para governar. E Davi Alcolumbre manda no Congresso. E Davi quer explorar petróleo. O Acordo de Paris que lute.
Os fundos
Mas Lula está convencendo a galera a botar dinheiro no fundo para preservar a Amazônia. Já angariou metade da meta de US$ 10 bilhões no primeiro dia da Cúpula do Clima (que reúne os chefes de Estado e, neste ano, acontece poucos dias antes da COP). A galera diz que só quatro países contribuíram, mas achei sucesso já ter metade preenchido.
A suprema decisão que vale nada
O Supremo determinou que o Congresso crie o Imposto sobre Grandes Fortunas, como manda a Constituição.
Ai, Tixa, até que enfim. Pois é, darling. Mas eis que o Supremo deu a ordem, mas não deu prazo para que o Congresso faça isso. Então tá, lá em 2088 a gente conversa. Ah, é verdade, o mundo já vai ter derretido.
Aborto
Essa é uma notícia de ontem. Os nobres deputados aprovaram ontem um projeto que dificulta que crianças e adolescentes que sofreram abusos sexuais façam aborto. Uma resolução do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) garantia o direito ao aborto legal sem a exigência de boletim de ocorrência (não sabia que criança grávida precisava fazer boletim de ocorrência para provar que foi estuprada), sem autorização judicial ou consentimento dos responsáveis, nas situações em que o aborto é permitido por lei. Por exemplo, no caso de estupro. Vai agora para o Senado. E assim seguimos a vida, dependendo sempre da estrela que Davi quiser seguir no momento.
Que venha a COP da verdade, BRASEW.
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