Menos de 24 horas depois de Jair Bolsonaro receber a pena de 27 anos de prisão, a corrida pelo seu espólio eleitoral segue desenfreada. A quantidade de tuítes de governadores, não está no gibi. Dudu e Flavitcho falaram mal dos supremos. Michelle calada estava, calada ficou, só pensando em qual vai ser a prisão do nosso ex. E o dólar reagiu como? Caindo. Hoje é aquele dia de react, bebê. (Eu sei que vocês amam.) Mas, ao fim, temos que falar do aumento no tom de violência política que tomou conta do Brasil e do mundo.
Ronaldo Caiado, presidenciável, governador de Goiás
"A decisão do Supremo não encerra esse debate (anistia pelo 8/1), tampouco a polarização extrema que divide o país. Fui o primeiro a me posicionar e reitero: se tiver a oportunidade de chegar à Presidência da República, assinarei a anistia assim que tomar posse."
Então tá, então.
Tarcísio de Freitas, candidatíssimo, governador de São Paulo
“Se não se pode transigir com a impunidade, também não se pode desprezar o princípio da presunção da inocência, condenando sem provas.”
Mas Throcísio não falou nada contra o Xandão e não repetiu o rolê de tirania e ditadura. Mas já tem reunião marcada dos seus aliados para decidir os próximos passos da sua potencial campanha.
Ratinho Jr, presidenciável e governador de Curitiba, digo, do Paraná
“Aliás, a população não está feliz com a perseguição a um ex-presidente. O Brasil precisa virar a página do ódio, do atraso, da briga e escrever um novo tempo. Sou solidário ao presidente @jairbolsonaro e aos seus familiares.”
Note o “aliás” no início da frase. E que Ratinho Jr só falou de perseguição em um segundo tuíte. No primeiro tuíte, ele estava trabalhado na ideia do Brasil ser pacificado, em fortalecer instituições e pôr fim aos dogmas. (Só eu acho que dogmas é algum cachorrinho do mal?)
Romeu Zema, presidenciável e governador de Minas Gerais
“Justiça ou Inquisição? A condenação de Bolsonaro pela Primeira Turma do STF acirra a divisão do país, e não é disso que precisamos.”
Zema, na esperança de pegar uma parte dessa divisão.
Jorginho Mello, governador de Santa Catarina, mas ainda não é presidenciável
“O Bolsonaro foi condenado por uma suposta tentativa de depor um governo que era dele mesmo, dando um autogolpe. Essa é só uma das inúmeras inconsistências apontadas pelo ministro Fux, entre elas incompetência de foro e cerceamento de defesa, e por aí vai.”
O governador parece que não entendeu que a acusação toda falava de ações para derrubar o resultado das eleições que elegeram Lula.
Cláudio Castro, governador do Rio, e sabe-se Deus o que será depois
“(A decisão) acirra tensões políticas nacionais e aprofunda a divisão entre os brasileiros.”
Claudinho mandando um beijo para o pai, a mãe e você.
Dudu Bolsonaro, o não-deputado federal nos States e filho 03
“As brincadeirinhas, risinhos e gracejos dos psicopatas da Primeira Turma no momento de definir as penas e destruir vidas de pessoas inocentes é a caracterização perfeita do mal que se instaurou naquele lugar. São, na mais estreita definição do termo, psicopatas.”
Não podemos negar que os ministros Xandão, Dino e Cármen Lúcia estavam mesmo cheios de gracejos ao dar a dosimetria da pena. Custava dar uma de moço sério como o Zanin? Não custava, né?
Flávio Bolsonaro, senador e filho 01
“[Fux] foi o único que se comportou como um juiz e não se rebaixou ao nível dos que se deleitavam com a covardia, em que quatro se juntaram para bater em um. Como hienas, atacando um leão ferido, caído no chão.”
Fiquei na dúvida se o leão ferido a que ele se refere era o Fux. Porque era assim mesmo que Fux estava parecendo depois de surpreender todo mundo com um voto inesperado em favor do nosso ex. A juba ele já tem.
Coluna do Lauro Jardim, em O Globo
“A deputada Bia Kicis (PL-DF) e o senador Izalci Lucas (PL-DF) voltaram atrás em seus pedidos para convocar o advogado Nelson Willians e quebrar seu sigilo fiscal e bancário. Os dois não justificaram a solicitação de retirada.”
Esse é aquele advogado que ostenta luxo nas redes sociais e que está na mira da CPI do INSS. Ninguém entendeu por que os bolsonaristas agora não querem botar o advogado para se explicar. Só sei que a Polícia Federal fez uma operação hoje de busca e apreensão contra Willians e ainda prendeu o careca do INSS, além de um empresário de nome Camisotti que controla três associações implicadas nas fraudes. O tal Camisotti e o careca já eram figurinhas carimbadas. A novidade, como diz Breno Pires, da revista piauí, foi o tal Willians.
Violência gera violência
A escalada da violência política nesta semana foi notória e preocupante.
Nos Estados Unidos, o assassinato de um influenciador da extrema-direita, Charlie Kirk, deixou todo mundo preocupado sobre o efeito que isso trará ao país. Pelo que entendi, Kirk é tipo um Pablo Marçal americano. Ganhava rios de dinheiro nas redes sociais sendo um influencer de direita, foi um dos grandes responsáveis pela quantidade de votos que Trump recebeu entre os jovens homens americanos e mantinha um discurso de defesa das armas, não importando que tivéssemos, todos os anos, que conviver com a perda de algumas vidas. Kirk estava dando uma palestra para milhares de estudantes em uma universidade quando tomou o tiro.
Trump já saiu pedindo a pena de morte para seu assassino. O suspeito é um jovem de 22 anos e ainda não se sabe qual é exatamente sua linha política.
O Elon Musk já saiu dizendo que o jovem foi radicalizado pela universidade. Levando em conta que Kirk discursava para milhares de estudantes, justamente em uma universidade, já fiquei confusa sobre o que ele estava falando exatamente.
Ainda nos Estados Unidos, uma jovem refugiada ucraniana foi brutalmente assassinada num trem por um homem negro que já tinha sido preso várias vezes. A morte violenta já virou caso para que a extrema-direita criticasse o movimento woke (tipo, o que tem a ver o cool com as calças?)
Só sei que o deputado Nikolas Ferreira aproveitou o episódio para fazer mais um de seus vídeos virais e para dizer que a esquerda estaria formando pessoas violentas e imorais. O deputado foi ameaçado em tuíte por um estudante da Universidade Federal do Espírito Santo. "Nikolas, eu vou te matar a tiros." Obviamente, o sujeito foi preso pela polícia.
Mas também o supremo Dino foi ameaçado depois de pedir a condenação de Bolsonaro. “Nepal dando exemplo do que fazer”, disse uma pessoa em um corte do vídeo do voto do ministro. “O Nepal mostrou pra todos nós brasileiros o caminho para acabar com vcs.” Aff.
Para quem não sabe, a GenZ iniciou uma revolta popular que derrubou o governo, botou fogo na casa de políticos, palácios e matou várias pessoas. Entre elas, a ex-primera-dama que foi queimada viva. O governo de lá proibiu o uso de redes sociais. Não, darling, não foi regulação de redes. O governo proibiu que qualquer cidadão pudesse usar. Não dava nem para mandar mensagem no zap.
Senhor, hoje é sexta e a gente aqui só falando de violência? Socorro! Onde eu acho alguma declaração leve para terminar a semana, BRASEW?
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