A partir de hoje, meu primo gringo, o Gaico, vai explicar para a gente como funciona a eleição americana. Diretamente dos States. Sim, darling, nóis é pobre, mais é chique.

No episódio de hoje, vamos entender porque raios nomes como Iowa e New Hampshire de repente parecem tão importantes. Aliás, finalmente o Gaico explica o rolê do caucus, BRASEW. Spoiler: não é um cacto.

Com a palavra, o Gaico:

"Estados Unidos não é apenas o nome do país, Tixa. Quando se vive aqui fica claro que são estados totalmente autônomos. E isso é mais visível em duas áreas: nas leis de trânsito (tem estado nos quais se pode fazer conversão à direita com o sinal vermelho!) e nas eleições. E isso está por trás do favoritismo de Trump entre os republicanos.

Na verdade, não existe uma eleição nacional, um TSE com Xandão e coisa e tal ou mesmo regras gerais: as eleições americanas são um amontoado de 50 eleições estaduais, tornando o sistema político um dos mais complexos do mundo. E regras que mudam a todo o momento.

Como estamos falando de vários estados autônomos, os partidos organizam prévias para a escolha dos candidatos. Mas aí, novamente, a independência conta: há estados que são votações, há casos de caucus (olha o caucus aí, gente. são reuniões de convencimento e debate ao invés da votação direta).

Há estados onde os delegados são divididos seguindo a proporcionalidade da votação das primárias e, em outros, em que o vencedor ganha todos os delegados. Por influência dos trumpistas, cada vez mais estados decidiram pelo segundo modelo, que favorece o ex-presidente.

De janeiro a junho, cada estado vai organizando suas primárias. Tradicionalmente começa por estados pouco representativos: do conservador Iowa, com cerca de 3 milhões de habitantes e muita neve, ao progressista New Hampshire, que tem ainda menos população (1,4 milhão) e ainda mais neve. Lembra que o Trump que os seus fieis escudeiro deveriam ir votar nem que morressem?

As prévias já começaram, mas a maior parte dos estados faz suas primárias em março, quando ocorre também a chamada “Super-Terça”, dia de dezenas de primárias que basicamente sedimentam o cenário eleitoral dos EUA. Não é incomum que, após esta primeira terça-feira de março, os Candidatos de cada partido já garantiram o número necessário de delegados para serem ungidos como o nome do partido nas eleições de novembro.

Mas oficialmente será somente em julho, nas convenções dos partidos que os candidatos do partido democrata e do partido republicano, de fato, são escolhidos. As convenções são grandes espetáculos, em estádios, com muita música ao vivo, balões e muito, mas muito papel picado. Haja árvoe.

Há estados que obrigam os delegados a seguirem as votações dos estados, há outros que os deixam livres para votar nas convenções. Mas os escolhidos nas primárias acabam de fato como candidatos. Entre os democratas, contudo, a chance de mudança pode ser maior, já que 20% dos votos das convenções vão para os “superdelegados”: políticos com cargos, como deputados, senadores, governadores e figurões como ex-presidentes.

Ninguém costuma se preocupar muito com isso porque no fim das contas os resultados das primárias sempre definiram os candidatos. Mas, neste ano, tudo pode ser diferente.

No campo republicano: se estima que, entre a superterça e a convenção do partido, Trump deverá ter uma série de condenações (embora só uma de fato pode tira-lo da disputa da Casa Branca - explico em um próximo capítulo). 

Entre os democratas: pela saúde de Joe Biden, o presidente de 81 anos que vai concorrer a reeleição, ou por sua disposição (e pressão) por abandonar a corrida, por estar atrás de Trump em todas as pesquisas. Biden mesmo disse que, se não fosse o ex-presidente o candidato republicano, provavelmente não tentaria mais 4 anos na Casa Branca.

Viu? Vamos ter trabalho este ano, né?

Prima, lóve you, com acento. Até comprei uma camisetinha com essa frase lá no Tixa Shirts.

Gaico"

Não me aguento do chiquê, BRASEW.