De repente, não mais que de repente, o Centrão resolveu se movimentar de um jeito estranho nesta semana para pautar um projeto que permitisse uma demissão sumária dos diretores do Banco Central. Ficou todo mundo: oi? Why? Qual a necessidade disso agora? Eis que tudo parecia ter um motivo: os diretores do BC estavam prestes a rejeitar (e rejeitaram) a operação em que um banco estatal, o BRB, iria salvar o banco de Daniel Vorcaro, o Banco Master.
Brasília virou uma Bola de Neve, nesta semana, BRASEW. (Entendedores entenderão.)

Um dos motivos para o BC barrar o negócio, como noticiou Adriana Fernandes na Folha, é que os diretores avaliaram que o BRB corria o risco de ficar contaminado com operações desconhecidas e de alto risco do Banco Master. Quer saber o tamanho do possível rombo? Eu te conto.

Uma fonte quentíssima que viu o resultado da diligência feita pela equipe de Joesley Batista (que avaliou a possibilidade de comprar o banco) contou para esta lagartixa que, dos ativos declarados de R$ 60 bilhões, só uns R$ 5,5 bilhões seriam quentes. O resto são ativos incertos e não sabidos, como uma série de títulos que nem são precatórios ainda.

Para os perdidos: os precatórios são títulos em que uma empresa ou cidadão já venceu um processo contra o governo e tem direito a receber. Mesmo que demore, mais cedo ou mais tarde, recebe. O que o Master tem no seu balanço, segundo essa fonte, são apenas processos judiciais em curso. Ou seja, o banco ainda não ganhou a ação contra o governo. Logo, o que ele teria seriam pré-precatórios.

Pensamento aleatório: o gostosão Geral da República, o ex-presidente do BC, Roberto Campos Neto, não viu nada disso acontecer no Banco Master?
Sigamos. Uma outra informação que a fonte quentíssima deu foi que Jojo Joesley ofereceu uns R$ 4 bi para ficar com o banco (assumindo os ativos incertos e todos os passivos, diga-se), mas Vorcaro não aceitou. O banqueiro acredita que seu banco vale muito mais, afirma que seus títulos são quentes e que Joesley só queria comprar a preço de banana.

E o banqueiro, claro, confiou na sua atuação em Brasília para aprovar a compra pelo BRB (em que Vorcaro permaneceria dono do banco e o rombo, se houvesse, poderia ser absorvido pelo dinheiro público). Os líderes dos partidos conseguiram aprovar a urgência do projeto. Mas Hugo Motta, nosso Huguito da Câmara Frigorífica, irá pautar? E se pautar, os deputados vão aprovar?

Influente

O que se comenta é que Vorcaro tem uma grande influência entre os políticos no Planalto (a gente percebeu). Entre os políticos estaria Ciro Nogueira, o cacique senador do PP (e que quer ser vice de Tarcísio).

Mas existe um problema sério em curso: o banco vendeu bilhões em CDBs e, se ele não puder pagar pelos títulos aos investidores (com juros supergenerosos, diga-se de passagem), tudo vai parar na conta do Fundo Garantidor de Crédito (um fundo mantido pelos próprios bancos). Como eu digo sempre, os banqueiros ganham o suficiente para resolver esses probleminhas.

Só sei que, nesta semana, para piorar a situação do Master, o Estadão noticiou que há títulos do banco inclusive em fundos que estavam na operação de lavagem de dinheiro do PCC na Faria Lima. Vai vendo o rolo, BRASEW. Não importa para onde se olhe, só se vê uma Bola de Neve.

E segue a anistia

Os bolsonaristas seguem discutindo a anistia para Bolsonaro. A novidade hoje é que a minuta de anistia que foi feita pelos bolsonaristas, segundo noticiou o Estadão, pleiteia um perdão geral desde 2019, quando começou o inquérito das fake news no Supremo. Com isso, Bolsonaro inclusive poderia se candidatar no ano que vem. Obviamente, os bolsonaristas não combinaram com o Centrão, porque o Centrão quer tudo, menos um Bolsonaro elegível no ano que vem.
Para o Supremo, o que se diz é que os ministros deram aval para o Alcolumbre (que disse que vai fazer seu próprio projeto de anistia) reduzir as penas para o povo que participou do golpe de 8 de janeiro.

O povo quer anistia?

O Lula disse que, se a anistia for pautada, é capaz de ser aprovada porque, segundo ele, o Congresso não é eleito pela periferia. “O Congresso tem ajudado o governo, mas a extrema-direita tem muita força ainda. É uma batalha que tem que ser feita pelo povo.”

Campanha na rua

Se, de um lado, Tarcísio está no momento “vou lutar pela anistia” para conseguir os votos dos bolsonaristas, Lula está no momento “vou distribuir vale-gás”. O governo lançou hoje o programa Gás do Povo para distribuir botijões de graça para 15 milhões de famílias.

A propósito, o governo lançou uma campanha para que todo mundo saia às ruas, vestindo a camisa do Brasil, no 7 de Setembro. O Lula quer tirar a camisa da Seleção da direita.

As mágoas do Dudu

A revista piauí divulgou hoje uma grande reportagem com Dudu Bolsonaro. O repórter João Batista Jr. passou 5 dias com Dudu lá nos States, durante o mês de julho. Eu destacaria a parte em que Dudu virou um pote até aqui de mágoa com o seu partido, o PL, e, por consequência, com Valdemar Costa Neto. Ele reclamou que o PL paga jatinhos para o Nikolas ficar viajando o Brasil e em salário (e também jatinhos) para Michelle, mas nada para ele, que está fazendo e acontecendo lá com o Trump.

“É um não sem dizer não. Ele vai dizendo que não é prioridade”, disse Eduardo para a piauí.

Deputado até quando

Dudu parece estar se enforcando na própria corda. Hoje mesmo saíram notícias de que, apesar de pleitear ser um deputado à distância, ele deixou de participar de umas sete sessões virtuais em que Hugo Motta permitiu que os deputados votassem à distância pelo celular.

O ex do Xandão

Aquele ex-assessor de Xandão, Eduardo Tagliaferro, andou denunciando o supremo ministro por diversos abusos nas investigações do 8 de janeiro.

Participou de lives com bolsonaristas e tudo o mais. Ele, inclusive, compareceu virtualmente a uma audiência na Câmara bem no dia do início do julgamento.

Pois eis que justamente hoje veio a público um processo em que a Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo denunciou por organização criminosa nada mais nada menos do que o próprio Tagliaferro. Ele é acusado de agir para atrapalhar as investigações e ajudado um juiz amigo a destruir provas de um esquema de desvios de valores milionários de heranças ainda não partilhadas ou pertencentes a idosos portadores de patologias graves. O rolê era chefiado pelo tal juiz, e envolvia mais uma galera. Os advogados do Tagliaferro dizem, segundo matéria do FaustoMacedo no Estadão, que essa é uma tentativa de asfixiar quem tem muito a dizer e esclarecer sobre o Xandão. Digo nada, só dou notícias, BRASEW.

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