Lula tem um novo ministro, Guilherme Boulos. E Boulos já assumiu em tom de campanha: vai ser favela x Faria Lima. Se o traficante fica na favela, o chefe está lavando dinheiro na Faria Lima. Resta saber se cola, BRASEW. Enquanto isso, o Rio segue contando os corpos, a discussão segue entre narco x terrorismo, e o governo Lula conseguiu emplacar o embrião do escritório do crime, digo, do escritório de combate ao crime. Vem comigo que o melhor resumo da política deste país chegou na sua caixa postal.
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Quase 48 horas depois da megaoperação de guerra deflagrada no Rio, o que sabemos é que o número de mortos não parou de crescer e chegou a 119 pessoas. Sabemos ainda que dezenas foram mortas no meio da mata, e parece que isso foi uma tática da polícia para evitar que houvesse confronto com bandidos no meio das casas da população de bem. Mas não está esclarecido por que a polícia matou a galera na mata, não isolou a cena do crime e deixou os corpos lá. E ainda deixou que familiares retirassem os corpos.
Sabemos ainda que a polícia do Rio admitiu que sabia que as mortes eram inevitáveis (mas a decisão judicial era para prisão, registre-se) e, no fim, parece que eles já sabiam que os chefes iam fugir (e parece que fugiram mesmo).
Também ficamos sabendo da técnica do Muro do Bope. Basicamente, uma parte dos policiais vai subindo o morro da favela e os bandidos vão subindo para a mata. Chegando lá, encontraram os agentes do Bope (aquele do “pede pra sair”). Dito isso, fico curiosa para saber se não pegaram nem unzinho dos chefes.
O escritório do crime
No fim das contas, o que teve de novidade mesmo foi a montagem de um escritório do crime, digo, de combate ao crime, em uma parceria do governo estadual do Rio com o governo federal. Segundo o ministro da Justiça, Ricardo Lewandas Lewandowski, é um embrião da PEC da Segurança Pública. O governo Lula vai poder, assim, testar se funciona a sua ideia de fazer uma espécie de hub de combate ao crime, comandado pelo governo federal, e que foi enviada ao Congresso.
Como já falamos ontem, a segurança pública será o grande tema da eleição do ano que vem. Sempre tem o rolê verdadeiro de que os estados são responsáveis pela segurança. Mas é bem verdade também que, no fim das contas, fica tudo na conta do governo federal. Por isso, inclusive, que o governo quer fazer o tal hub do crime, digo, de combate ao crime, e que vai começar a testar agora com o governador Castro (que é de direita, diga-se, e que criticou fortemente o governo do Lula ontem).
O que dá mais voto?
Diante da imagem de dezenas de corpos estirados no chão, sem roupa, o que toca mais o coração do eleitor? Bate a empatia pelas famílias e revolta de que pessoas podem ter sido executadas sem saber se eram mesmo criminosos ou bate a velha máxima de que bandido bom é bandido morto?
O governador do Rio diz que a operação foi um sucesso. E os outros governadores de direita como Tarcísio, Caiado e Ratinho já planejam ir lá no Rio dizer que Castro é o cara.
No governo federal, o tom é outro. Boulos, o novo ministro de Lula, chegou hoje ao Planalto já dando o tom da campanha no discurso de posse:
“Orgulho de fazer parte do governo do presidente que sabe que a cabeça do crime organizado deste país não está no barraco de uma favela. Muitas vezes, está na lavagem de dinheiro da Faria Lima.”
Haddad, o Fernandinho Cabelo que manda na Fazenda, fez coro e disse que o governador do Rio não faz nada para combater a adulteração de combustíveis, que é onde as milícias se financiam, segundo o ministro.
Agora à noite, Lula reforçou o coro eleitoral no seu X-Twitter:
“Não podemos aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias, oprimindo moradores e espalhando drogas e violência pelas cidades. Precisamos de um trabalho coordenado que atinja a espinha dorsal do tráfico sem colocar policiais, crianças e famílias inocentes em risco.”
Explicações supremas
O Supremo impôs uma série de regras para se fazer operações policiais em favelas. E agora o governador do Rio, Cláudio Castro, vai ter que dar algumas explicações, entre elas, se os policiais usaram câmeras. Parece que usaram, mas a polícia já disse que a bateria acabou porque ela só dura doze horas.
Lewandas em ação
E o diretor-geral da Polícia Federal que foi dizer para a imprensa que a polícia do Rio tinha falado da operação, e o Lewandas correu pegar o microfone e disse que comunicação oficial mesmo para ajuda na operação teria que ser feita para o chefe-mor.
Terroristas ou traficantes
Castro insiste em dizer que são narcoterroristas. Lewandas disse que terrorista é um grupo que age por ideologia política e que, logo, os traficantes são só traficantes.
E por que, afinal, teve essa megaoperação?
Basicamente, o Ministério Público denunciou à Justiça que os traficantes estavam impondo à população uma rotina de abusos e desmandos em uma espécie de justiça paralela com execuções e torturas. Também chegou à conclusão de que os traficantes passaram a cobrar pedágios para que a população tivesse acesso a serviços (ou seja, viraram milícias). Isso gerou uma série de decisões judiciais para busca, apreensão e mandados de prisão nas favelas. Aí a polícia foi lá para cumprir os 180 mandados e deu nisso daí.
Socorro, BRASEW. Chega de notícias.
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