E aprovaram a redução da pena do Bolsonaro. Mas só na Câmara, por enquanto. Os deputados não deram a anistia, mas aprovaram o projeto que dá pelo menos uma canja, pelo menos. A pergunta que não quer calar é: o Senado, do Davi Alcolumbre, vai seguir a linha? A julgar pelo PL Antifacção, não dá para dizer que vai ser assim tão fácil, mesmo com ajuda do Centrão.
Hoje o Senado aprovou o PL Antifacção, mas muito diferente daquele do Derrite, ex-secretário do Tarcísio, que fez e aconteceu, falou em terrorismo, falou em tirar poder da Polícia Federal, recuou e, no fim, lançou seis versões diferentes. Os senadores aprovaram hoje um projeto mais na linha do que foi mandado inicialmente pelo governo Lula. E agora, BRASEW? Agora você lê a Tixa para saber o resumo de tudo que se passou na republiqueta. E vou dar um spoiler: descobriram que a tal produtora gringa que estaria produzindo o filme international sobre Bolsonaro é uma ONG que recebeu 100 milhões do Ricardo Nunes. Vem!!! Só vem!
O projeto da dosimetria foi votado na madrugada. Logo cedo, já tinha estudo sendo lançado na imprensa dizendo que o texto aprovado beneficia não só o povo condenado por atos golpistas do 8 de janeiro, mas também por outros crimes. Por exemplo, o sujeito foi lá e botou fogo em um ônibus durante um protesto, botando em risco as pessoas dentro do ônibus. Grave, né? Se a pessoa for condenada por esse crime, terá uma pena menor.
O Paulinho da Força, que foi quem fez o texto, jurou de pés juntos que não tem nada disso. Mas vamos ver se no Senado essa vertente começa a ganhar força. O relator do projeto é o Esperidião Amin, bolsonarista desde criancinha (até porque ele precisa agradar o Carluxo lá em SC).
O fato é que, se o texto mudar, precisa voltar para a Câmara e aí a chance de ser aprovado ainda neste ano reduz drasticamente. Sim, o recesso está chegando e o povo só volta em fevereiro.
Não deu, Derrite
Por falar em texto que muda no Senado e volta para a Câmara, é o que vai acontecer com o projeto antifacção. O texto aprovado foi o do senador Alessandro Vieira, que devolveu protagonismo à Polícia Federal, à Receita Federal e ao Coaf. O texto endurece as penas, mas não tanto quanto o texto do Derrite. Tira do texto a parte que criava um novo tipo de segurança. Mas o que mudou mesmo foi que agora existe a previsão de se taxar em 15% as bets para financiar a segurança pública. Olha, tá aí uma coisa que eu não esperava. O senador Alessandro diz que isso daí vai dar uns R$ 30 bi. Se bobear, dá muito mais.
Um dos promotores mais famosos de São Paulo no combate ao crime, Lincoln Gakiya, deu uma entrevista para o Estadão elogiando os avanços do relatório, mas dizendo que viu um risco na concentração do poder da PF.
O Glauber é uma rocha
Mas a coisa anda tão maluca que o deputado Glauber Braga, que ontem foi tirado à força da mesa da Câmara depois que viu seu nome ser jogado para a lista dos que podem ficar sem mandato, hoje viu a cassação virar uma suspensão. Ele precisaria ter mais de 257 votos para ser cassado, mas não teve. Aquele momento em que você fica feliz de perder uma eleição. (Até o fechamento, o processo de cassação de Carla Zambelli ainda andava no plenário da Câmara.)
E deixei passar essa ontem
O Senado aprovou a PEC do marco temporal, que limita os direitos indígenas às terras ocupadas em 5 de outubro de 1988. O texto inclui garantias a particulares com posse de boa-fé, prevendo indenização pelo solo e benfeitorias. A proposta foi defendida adivinha por quem? Ganha um milho verde quem acertar. A bancada ruralista, claro. O governo e o PT votaram contra. Agora, a PEC segue para análise na Câmara. Mas, no fim das contas, o caso vai voltar para o Supremo, e o Supremo já decidiu exatamente o contrário. Vai vendo a confusão se armando.
E quem tá na frente? Tarcísio? Not
É Michelle. Pesquisa Ipsos-Ipec de hoje diz que no primeiro turno é Lula com 38% e Michelle com 23%, quatro pontos à frente do que teria Flávio contra Lula e seis pontos à frente do que teria Tarcísio. A propósito, até o Flavitcho ficou na frente do Tarcísio. O Centrão que lute.
Gilmar recua, pero no mucho
O supremo Gilmar Mendes, que não é bobo nem nada, decidiu ele mesmo dar uma recuada na história da proibição geral de impeachment contra ministros supremos. Ele tinha decidido, em liminar, que só o Procurador-Geral é que poderia abrir o processo. Ele desistiu dessa parte. Mas manteve a decisão de que serão necessários 54 votos para derrubar um ministro supremo, e não apenas 41 como era antes. E isso é o que verdadeiramente importa.
E o filme do Bolsonaro?
E o The Intercept publicou hoje que a dona da produtora do filme sobre Bolsonaro (uma tal de Dark Horse), com direito ao ator de Jesus e tudo mais, recebeu mais de R$ 100 milhões da prefeitura de São Paulo, do Ricardo Nunes. Olha que beleza. Para o filme? Não. Para algo que a ONG da Karina Ferreira da Gama tem tanta experiência quanto para produção de grandes filmes: fornecer Wi-Fi em comunidades de baixa renda. A ONG que ela preside, o Instituto Conhecer Brasil, tem histórico de receber milhões em emendas de deputados de direita, inclusive de Mário Frias, que é também ator do filme.
Só sei que no fim de semana, todos os Bolsonaros se gabavam dizendo que era uma produção international.
E pensar que um dia o Bolsonaro queria acabar com as ONGs.
Chega, BRASEW, nem vou falar do Maduro que está lá lutando com Trump porque já está tarde.
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