Golpe teve, e só o que os supremos querem saber é qual foi o papel de cada um nesta novela épica, BRASEW. Assim começou mais um novo dia do julgamento da tentativa de golpe. Xandão deu seu voto como um verdadeiro promotor italiano, condenando todo mundo e alçando Bolsonaro ao cargo de “Capo” da trama golpista. Sim, o líder criminoso.


O supremo Dino acompanhou Xandão, mas aliviou para três réus e garantiu que vai dar os benefícios da delação para Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens. Está 2 a 0. E só depois que todo mundo votar saberemos as penas de cada um.

E aqui na Tixa você vai ter o resumo mais chato ever de todos os tempos sobre o voto do Xandão, o juiz que não é samambaia (não tava muito inspirada, darling, cinco horas de samambaia me tiraram o brilho). Mas pelo menos você vai entender a lógica do voto do Xandão!!!

Os personagens (na visão de Xandão)

Jair Bolsonaro – O Capo
Augusto Heleno – O General da Agenda – ministro do GSI
Alexandre Ramagem – O Roteirista – deputado federal, ex-chefe da Abin
Paulo Sérgio Nogueira – O Ministro da Defesa que ficava na linha de frente
Braga Netto – O Vice Golpista
Anderson Torres – O Policial do Caos – ex-ministro da Justiça
Mauro Cid – O Delator – ex-ajudante de ordens
Almirante Almir Garnier – O homem das tropas

Os 13 pontos do Xandão (não são da Tixa, não mate o mensageiro)

Atentado contra o Estado Democrático de Direito

  1. A live inaugural e a narrativa (29/07/21)
    Tudo começa com uma live de quinta de Bolsonaro para "provar" a fraude nas eleições. Anderson Torres "empresta" a credibilidade de ministro da Justiça, e Heleno faz figuração no quadro, como general de prontidão. Os cortes da live viram combustível para as milícias digitais.
  2. A agenda do general Augusto Heleno é encontrada recheada de ideias golpistas: hackers, escritório de algoritmo, fraudes pré-programadas. No computador de Alexandre Ramagem aparecem documentos que dariam a Bolsonaro a retórica contra as urnas. Era a preparação da cena.
  3. Entrevista ameaçadora (03/08/21)
    Bolsonaro ameaça diretamente o Supremo: se Barroso continuasse “insensível”, receberia “um último recado na Paulista”.
  4. O 7 de setembro de 2021
    Em cima do trio elétrico, Bolsonaro ameaça Xandão dizendo que não vai cumprir ordens dele. Para Moraes, não foi bravata: era prova de grave ameaça para romper o Estado Democrático de Direito (alguém realmente entende o que é Estado Democrático de Direito?).
  5. Memorandos secretos
    AGU, GSI, ABIN… uma pilha de memorandos e relatórios internos que pregavam intervenção militar, prisões em flagrante de policiais que cumprissem ordens judiciais e uso da AGU para descumprir decisões do Supremo.

Golpe de Estado

6. Reunião da firma (05/07/22)
Era para ser uma reunião ministerial, mas Braga Netto (já candidato a vice) estava lá, e também estavam os comandantes militares.

  • Heleno fala em “virar a mesa antes das eleições”.
  • Paulo Sérgio garante estar na “linha de frente”.
  • Anderson Torres fala em preparar grupos de policiais.
  1. Show para os embaixadores (18/07/22)
    Bolsonaro convida diplomatas para uma espécie de stand-up de fake news contra as urnas. Foi transmitido pela TV Brasil. Resultado: Bolsonaro inelegível e a embaixada dos EUA soltando nota reafirmando confiança no sistema eleitoral brasileiro.
  2. PRF no 2º turno (30/10/22)
    Anderson Torres coloca em prática seu plano: blitz seletivas para impedir eleitores de Lula de chegarem às urnas. O TSE havia proibido a operação eleitoral, e a PRF inventa uma “fiscalização de pneus”. Provas mostram boletins de inteligência mirando cidades com mais de 75% de votos para Lula.
  3. Relatório das Forças Armadas (09/11/22)
    Já pronto e sem indícios de fraude, mas o general Paulo Sérgio atrasa a divulgação. Quando Xandão obriga a publicação, ele solta uma nota “esdrúxula”: não acharam fraude, mas “não significa que não houve”.
  4. Bloqueios, multas e kids pretos (nov/22–dez/22)
    Acampamentos em quartéis, rodovias bloqueadas, ação do PL pedindo para anular só o 2º turno (punida com multa de R$ 20 milhões). É quando entram os kids pretos, articulando ataques e até carta aos comandantes. Braga Netto diz a bolsonaristas para não perderem a fé.
  5. Bomba no Natal e ataques de rua (12/12 e 24/12/22)
    No dia da diplomação de Lula, bolsonaristas atacam a sede da PF e queimam ônibus. No Natal, colocam uma bomba em um caminhão-tanque que entraria no aeroporto de Brasília — só não explodiu por sorte.

Punhal Verde-Amarelo (dez/22)
General Mário Fernandes imprime seis cópias do plano no Planalto e vai direto ao Alvorada. Dias depois, imprime mais três cópias, também no Planalto. Estavam no Palácio: Bolsonaro, Rafael Martins (dos kids pretos) e Mauro Cid. Não é só coincidência, diz Xandão.

O plano previa matar Xandão, envenenar Lula e aniquilar Alckmin. No dia seguinte, Bolsonaro apresenta minuta do golpe para chefes das Forças Armadas.
Detalhe: Mauro Cid, que é o delator, não confirmou ter visto o Punhal Verde-Amarelo ou que Bolsonaro tenha recebido.

No plano do punhal ainda tinha a Operação Copa 22, com militares de codinomes de seleções planejando tocaia na casa de Moraes. Só foi abortada porque parte da cúpula militar não aderiu.

  1. Reuniões dos comandantes militares (dez/22)
    Foram dois encontros centrais:
  • 07/12: apresentaram “considerandos” de um decreto de exceção.
  • 14/12: Paulo Sérgio leva minuta mais detalhada. Exército (Freire Gomes) e Aeronáutica (Baptista Júnior) rejeitam. Marinha (almirante Garnier) mostra alinhamento e chega a colocar tropas à disposição.

    Xandão lembra ainda o desfile de blindados da Marinha no dia da PEC do voto impresso como demonstração de intimidação.
  1. O 8 de janeiro de 2023
    A temporada final. O Capo estava fora do país — como Xandão lembrou, na máfia italiana o chefe não vai à linha de frente. Os prédios dos Três Poderes foram invadidos para tentar consolidar o golpe.
    As palestras nos acampamentos repetiam as mesmas narrativas iniciadas na live de julho de 2021: fraude, Forças Armadas atenderiam ao “povo”. Até havia um discurso de Bolsonaro pronto para o “dia seguinte”.

O desfecho

Para Xandão, não restam dúvidas: houve atentado contra o Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe de Estado.
Bolsonaro é tratado o tempo todo como “líder da organização criminosa”.
E como resumiu Moraes:

  • “Juiz não é samambaia.”
  • “Golpista que deu certo não se senta no banco dos réus.”
  • “Não era barquinho de papel. Era a minuta do golpe impressa no Planalto.”

Detalhes que faltaram:

  • Xandão não falou nada sobre Anderson Torres ser o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e o fato de não estar em Brasília no 8 de janeiro.
  • Xandão não mencionou a controvérsia em torno da delação de Mauro Cid dizendo que Braga Netto lhe entregou dinheiro em uma sacola de vinho para financiar o povo nos quartéis. Para Xandão, a troca de mensagens que fala em dinheiro já é suficiente como prova.
  • Xandão praticamente não cita a delação de Mauro Cid.

O supremo Dino

Dino também deu seu voto, concordando em quase tudo com Xandão. Mas o supremo ministro acredita que Ramagem, Augusto Heleno e Paulo Sérgio tiveram uma participação menor e deveriam ter penas menores (mostrando que foi sensibilizado pelos advogados de defesa).

Outro ponto importante é que Dino garantiu que essa história de que não houve atos violentos ou graves ameaças cai por terra, a começar pelo nome do Plano Punhal Verde-Amarelo. Não era Bíblia Verde-Amarela.

O supremo Fux

O supremo Fux, que estava todo trabalhado no “a gente combinou que ninguém ficaria interferindo nos votos dos outros”, dará seu voto nesta quarta-feira.
E ele já garantiu que vai falar das tais preliminares. Só para lembrar, Fux defende que o caso seja julgado pelo Plenário.

Os recadinhos

O supremo Dino disse que não daria recadinho para ninguém, mas falou que anistia para golpista é incentivar novos golpistas (além de ser inconstitucional). Ainda falou que não é por causa de um tuíte, do Mickey ou de alguém ficar sem cartão de crédito, que os ministros supremos não vão condenar Bolsonaro.

A vaca magra do dia

A porta-voz do Donald J. Trump (J de João) disse que Trump está disposto a usar até seu poderio militar para garantir a liberdade de expressão. Oi???? Que significa isso, queridíssima? Nos avise, por favor. Ela estava respondendo a uma pergunta sobre o julgamento de Bolsonaro. Mas, ao mesmo tempo, disse que não tem novas sanções para anunciar.

E esse rolê de usar poder militar para garantir liberdade de expressão a gente não sabe bem o que significa.

Mas o governo Lula não deixou barato e soltou uma notinha de repúdio agora à noite. Nem vamos citar o conteúdo aqui, de tão maravilhoso que é.

Já no Nepal, o governo achou por bem fechar as redes sociais e a Gen Z revoltou-se e botou fogo em tudo. Nem precisou do Trump.

Socorro, BRASEW. Só tem julgamento nesta semana. Nem os deputados e senadores estão em Brasília. Mas a Tixa está aqui e você já sabe: se quiser receber a Tixa no Zap, é só entrar na comunidade aqui.


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