A audiência do Felca explodiu. Mais de 28 milhões de visualizações no YouTube com seu vídeo “Adultização”. Felca mostrou que as redes sociais deixam os pedófilos andarem livremente entre nossas crianças, nas suas plataformas. Mas você achou que 28 milhões é pouco? E se eu te contar que uma versão do vídeo feita para o Instagram estava com mais de 170 milhões de views enquanto produzíamos esta newsletter? Até o Congresso entendeu que, se um tema viraliza desse tanto, é porque a população quer discutir a regulação das redes.
O Huguito Motta, no afã de resolver sua própria crise, já disse que vai pautar o tema. Os líderes se reúnem hoje para discutir qual projeto vão fazer andar. E é aí que o Congresso pode acabar estragando tudo, deixando de apreciar o único projeto realmente discutido com a sociedade. Vem que hoje está quente. Tem até nova tentativa de golpe dos milicos radicais. (A propósito, você sabia que a TixaNews é a newsletter mais lida do UOL? Ah, darling, se inscreve.)
Vamos à realidade. O Congresso já esteve para aprovar um projeto de regulação das redes. O que aconteceu? O lobby das big techs foi tão grande que simplesmente Lira, nosso Arthurzito, que era o dono da Câmara frigorífica, não conseguiu votar. Foi emparedado pela própria Câmara que comandava. E então? A desculpa esfarrapada da tal liberdade de expressão. As big techs usaram a direita para emplacar esse discurso. E aí, as crianças que lutem.
Depois desse episódio, o senador Alessandro Vieira conseguiu fazer andar um projeto que separava os assuntos e só regulava as redes no quesito proteção de crianças e adolescentes.
Detalhe importante 1: Na discussão desse projeto ouviu-se a sociedade civil, em especial as entidades que estão aí para cuidar desse público, como o Instituto Alana e a Childhood. O projeto 2.368 foi aprovado no Senado em dezembro do ano passado.
Chegou a ganhar urgência na Câmara neste ano e, depois, foi parar nos porões (porque, basicamente, o Congresso não trabalhou em 2025). Eis que agora Huguito tem a chance de pautar justamente este projeto. Mas o medo geral é que algum projeto de lei voador entre no meio do caminho e estrague algo já discutido tão amplamente. Só nesta segunda-feira entraram uns sete projetos novos sobre o tema. Juro que isso aconteceu.
Detalhe importante 2: não esqueça que, se Huguito escolher um projeto novo, ele precisará ser votado do zero novamente pelo Senado.
E já tem gente de direita dizendo que o vídeo do Felca foi uma estratégia da esquerda para tirar o foco do golpe, digo, do Occupy Congresso, do tarifaço do Dudu Bolsonaro, das sanções contra o Xandão, do julgamento do nosso ex, whatever. PeloAmordeDeus, BRASEW. O Huguito pode estar se aproveitando, mas vamos combinar que o assunto já passou da hora de ser resolvido.
Os entendidos do assunto dizem que é importante ter a mudança da lei, mesmo com a decisão suprema recente que responsabiliza as redes pelo conteúdo que elas deixam se propagar por aí.
Para os perdidos: a regulação das redes sociais também é pano de fundo para o tarifaço e as sanções ao Xandão. As big techs estão apoiando fortemente Donald J. Trump e, em troca, o presidente americano está protegendo as redes sociais de qualquer tipo de regulação no mundo (com ameaças de todo tipo), sempre sob o argumento da liberdade de expressão e dos direitos humanos. (Eu sigo querendo saber dos direitos humanos das crianças.)
E os milicos?
Eis que, assim, do nada, o repórter Marcelo Godoy, do Estadão, nos informa que radicais tentaram criar uma crise militar na semana passada. Oi???? Really? Isso mesmo, na semana passada. Mesma semana da greve, Occupy, motim ou o que quer que tenha acontecido no Congresso. Mas o Alto Comando do Exército mandou um “chega de política por aqui” e botou todos os radicais no lugar.
Resumo da ópera: é milico radical querendo criar crise militar para enfraquecer o Comando do Exército; parlamentar impedindo o Congresso de funcionar; The family Bolsonaro atuando para que Trump boicote o Xandão, boicote o Brasil com tarifas, tudo com a justificativa de que Jair precisa de anistia.
Depois, alguém vai dizer que isso cheira à tentativa de golpe e os bolsonaristas vão achar ruim. Pode até não ser capivara, mas se comporta como capivara (pegando bronze e comendo capim). Socorro, BRASEW.
Centrão segue no fogo
Hugo Motta (Republicanos) e Gilberto Kassab (PSD), dois exemplares do Centrão, declararam que é inadmissível que Dudu Bolsonaro, um deputado brasileiro, fique lá nos Estados Unidos fazendo lobby contra o Brasil e prejudicando a economia brasileira.
Punição? Talvez não.
Por falar em Congresso, a notícia hoje é que, em vez de 48 horas, a Corregedoria vai levar 45 dias para decidir se vai punir os deputados que ocuparam a mesa diretora impedindo o Congresso de funcionar na semana passada.
E o Xandão, hein?
Achei o Xandão todo trabalhado na humildade hoje, recebendo homenagem no Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. Só eu achei que ele está abrindo a possibilidade de a Primeira Turma tirar a prisão preventiva do Bolsonaro?
“Tivemos uma tentativa de golpe de Estado, no dia 8 de janeiro de 2023, e as instituições reagiram, souberam atuar dentro do que a Constituição estabeleceu. Nós realmente podemos, com erros e acertos — porque isso faz parte de qualquer instituição composta por seres humanos —, elas acabam repetindo os erros dos seres humanos. Exatamente por isso o Judiciário é um órgão colegiado, para que uns corrijam os equívocos dos outros."
In Fux we trust
Enquanto isso, nosso ex segue em prisão domiciliar, mas recebendo a visita dos filhos (Xandão liberou pelo menos isso). Importante esclarecer que Bolsonaro está preso por ser acusado de tentar interferir no seu julgamento ao financiar Dudu Bolsonaro nos States e também por conta de risco de fuga.
Mas uma nova discussão começou a se formar: se Fux vai pedir vista ou não quando a Primeira Turma começar a decidir se condena Bolsonaro por tentativa de golpe. A defesa do nosso ex tem até quarta-feira para apresentar as alegações finais. Se Fux pedir vistas, o julgamento só termina no próximo ano?
Tudo depende do tempo que o Xandão vai levar para dar seu voto depois que a defesa terminar. Um voto-vista pode durar no máximo 90 dias. Estamos em agosto ainda. Nunca esqueça: 2026 é ano de eleição, BRASEW.
Pimenta nos olhos dos outros
Não param de surgir notícias de que os supremos estão exasperados (amei essa palavra, quero usar sempre) com a possibilidade de entrarem também na Magnitsky (aquela que tira o cartão de crédito do Xandão).
O UOL revelou hoje que o filho do supremo Barroso, presidente do tribunal, trabalha no BTG Pactual em Miami e decidiu não voltar para os Estados Unidos por conta da retirada de vistos dos ministros. (Só eu fiquei surpresa com a informação do filho do ministro trabalhando no BTG?)
Dudu powerful
A propósito, Dudu Bolsonaro disse hoje que está conversando com o povo lá dos States porque acha que a Magnitsky não está sendo cumprida pelos bancos brasileiros. Por aqui, os banqueiros dizem que só operações em dólar ou realizadas com pessoas ligadas aos Estados Unidos é que estão proibidas. Dudu acha que não é bem assim.
E Haddad, nosso Fernandinho Cabelo, disse que tinha reunião marcada com o secretário do Tesouro americano para discutir o tarifaço e que a extrema direita (ele estava se referindo ao Dudu) foi lá, fez e aconteceu, e a reunião foi cancelada.
Esse Dudu tá com poder, hein?
Dudu diz que não manda na agenda do secretário e que quem manda na agenda do secretário é o Trump. Hmmmm.
Quero dizer que Dudu agora está cheio de conversinha com a grande imprensa. Dá entrevistas off, on, manda notas oficiais. Falou até com o Financial Times. Quem te viu, quem te vê, hein, Dudu?
Quero ver mesmo é como será o lobby do Dudu sobre essa história de regulação das redes que Motta quer pautar.
Acorda, BRASEW.
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