Para a surpresa de zero pessoas, Derrite fez um relatório para o projeto de lei antifacções que desagradou o governo Lula. Derrite é o secretário de Segurança Pública do Tarcísio que, quando interessa, deixa seu cargo em São Paulo e pousa em Brasília como deputado federal (sim, ele tem mandato). Governo Lula é aquele que enviou o projeto antifacções para o Congresso, mas não combinou antes com Huguito Motta, que foi lá e nomeou um relator da oposição.


Basicamente, a proposta de Derrite (que, como vocês sabem, pode mudar a qualquer momento) tira a Polícia Federal da investigação de facções criminosas, dá aos governos estaduais o poder de chamar ou não a PF para as investigações e aumenta a pena de criminoso narcotraficante para a mesma pena que teria um terrorista (mas não equipara traficante com terrorista).

Existe um motivo para o Derrite não querer botar terrorista no jogo: o mercado financeiro explicou para o secretário do Tarcísio que os investidores estrangeiros vão tirar dinheiro do Brasil porque seus regulamentos não permitem aplicar dinheiro em países que abrigam terroristas. Leia-se: Tarcísio é o queridinho do mercado financeiro e avisou para o Derrite não meter o louco.

Mas o Derrite garante que Tarcísio não teve nada a ver com sua nomeação para ser relator justamente deste projeto.

A reação

O governo Lula em peso começou logo o ataque ao relatório do relator, numa estratégia de comunicação parecida com a que se viu na PEC da Blindagem. A PEC da Blindagem foi aquela que caiu antes de voar porque deixaria parlamentares blindados até mesmo contra qualquer investigação. Inclusive, o líder do governo na Câmara, o Lindt (Lindbergh Farias), fez questão de lembrar a PEC ao falar que a extrema-direita quer tirar a PF das investigações, para que os caciques do Centrão não sejam investigados no caso da Operação Carbono Oculto. Aquela operação que descobriu o PCC na Faria Lima.

E ainda tem o Huguito Motta, o atual dono da Câmara frigorífica, que foi quem nomeou um nome da direita para relatar um projeto do governo. Torta de climão. Agora Motta tenta botar panos quentes, fazendo aproximação do diretor-geral da Polícia Federal com Derrite e garantindo que vai haver mudanças no texto. O Derrite não deixa assim tão claro se vai mudar essa parte.

Já pensou a PF ter que pedir licença para os governadores para poder investigar um bandidão do crime organizado, e se esse bandidão ainda por cima for do partido do governador? Eu não posso imaginar!

Direita em decadência nos índices

Uma nova pesquisa sobre a cara da democracia feita por um grupo de pesquisadores ligados a várias universidades mostra que a parcela dos eleitores que não gostam de Bolsonaro, Tarcísio e Michelle cresceu significativamente do ano passado para cá. Eram 49% que não gostavam de Bolsonaro (ou gostavam pouco) em 2024, e esse índice foi para 55%. O do Tarcísio saltou de 33% para 44%, e o da Michelle, de 40% para 54%, quase empatada com o ex-mito. Te cuida aí, Tarcísio, o homem que quer ser o Thor. A pesquisa mostra que apenas 10% do eleitorado ainda não conhece o governador de São Paulo. Mas a pesquisa mostra que, de qualquer forma, o Thor tem pouca rejeição.

Xandão ligadão

Xandão segue trabalhando na megaoperação considerada a mais letal da história do Rio. Hoje, decidiu suspender o inquérito contra as famílias que removeram corpos dos mortos que estavam na mata deixados pela polícia. Xandão também mandou a Polícia do Rio preservar as imagens da operação.

A COP da Amazônia

Eis que leio em reportagem da Folha que, no meio da COP da Amazônia, os governadores da região só falam em projetos de gás, petróleo e mineração. Que beleza! Será que eles sabem que a COP é para discutir rolê ambiental? Só perguntando.

Eis a listinha:

O governador do Amazonas, Wilson Lima, apresentou como soluções para a floresta dois projetos: a exploração de potássio e a exploração de gás natural.

Mauro Mendes, governador do Mato Grosso, também defendeu o projeto de potássio no Amazonas.

Clécio Luís, governador do Amapá, defendeu a exploração de petróleo na costa amazônica.

A COP que lute

Por falar nisso, outro dia já vimos os navios ancorados na costa de Belém movidos a óleo diesel. Hoje descobrimos, por meio de informação da Secretaria Extraordinária para a COP30, subordinada à Casa Civil, que geradores de energia contratados para a conferência funcionam a biodiesel. Mas, como deu um probleminha, agora estão operando com diesel, mas que é 10% com conteúdo renovável. Ah, bom! Então tá tudo certo. Já posso dormir tranquila.

Vai uma COP aí, BRASEW.


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