Alô, BRASEW!!! Quem vai ganhar? Ricos ou pobres? (Eu queria mesmo era ter ganhado na Quina de São João para ir para o lado dos ricos, mas não foi desta vez). A verdade é que Lula ficou meio sem alternativa depois da derrota histórica que sofreu no Congresso, na semana passada, mesmo tendo despejado umas seis Quinas de São João para pagar emendas para os parlamentares. Mas, mesmo assim, perdeu.
Sobrou seguir apostando alto na estratégia de nós, pobres, contra eles, ricos.
Os ricos, no caso do discurso de Lula e Haddad, são a Faria Lima e os parlamentares que não aprovam a redução do imposto de renda para os pobres, mas, é só surgir um impostinho para os ricos, que eles votam tudo com urgência.
O pior, para os ricos, é que a estratégia de Lula é baseada em um fato real (os congressistas simplesmente empurram com a barriga a votação do projeto que isenta de imposto de renda quem ganha até R$ 5 mil e aumenta imposto para quem ganha R$ 1 milhão). Logo, tem uma chance gigante de colar. Não há como negar. Resta saber se a voz de Lula ainda é capaz de chegar à população. (Para explicar a lambança do Pix, por exemplo, isso não aconteceu).
A segunda-feira
E por que essa brilhante conclusão de que Lula está dobrando a aposta contra o Congresso? Basicamente porque o dia se desenrolou assim:
O Huguito Motta, nosso presidente da Câmara frigorífica, o homem que toma uísque na bica (mas uísque, não cachaça, só coisa fina), ficou #chateado com essa história de ricos contra pobres e fez um videozinho para a rede social dizendo que está todo mundo cansado da polarização e que agora querem fazer a polarização social.
No Palácio do Planalto, em evento de lançamento do Plano Safra para a agricultura familiar, Lula mandou essa:
“Nós queremos fazer com que esse país se transforme num país justo e ele começa a ser justo pela tributação. E depois ele continua a ser justo pela repartição. E é por isso que nós estamos fazendo o projeto [para quem tem salário] até R$ 5 mil ter isenção. É por isso que a gente vai fazer com que quem consome até 80 kWh (quilowatt-hora) de energia pague menos. É por isso que a gente vai fazer com que o gás chegue mais barato na casa das pessoas.”
Note que tudo depende de votação do Congresso. Notou? Então, Lula agora está dizendo: ô Congresso, vocês que derrubam imposto de rico vão votar as coisas boas para os pobres?
No mesmo evento, Haddad, nosso Fernandinho Cabelo que manda na Fazenda, estava ainda mais on fire:
"Nós vamos continuar fazendo justiça social. Podem gritar, podem falar, mas chegou o momento de fazer justiça pelo Brasil."
A semana passada
E ainda depõe contra o Congresso essa história de querer aumentar o número de deputados (aprovado na semana passada) e derrubar os jabutis do projeto de energia elétrica que vai aumentar os custos para todos nós.
Os lobbistas
Mas, porém, entretanto, todavia, contudo, o ex-presidente da Petrobras e petista de carteirinha, Jean Paul Prates (mas é dum chiquè esse nome), andou dizendo em entrevista à Folha que dois ministros de Lula deixaram o lobby dos jabutis correr solto. Foram eles o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. (O Alcolumbre, nosso Davi que é a estrela mais alta do Senado, agradece o Prates porque ele quer porque quer derrubar o Silveira e não consegue).
Essa batata é do Supremo
Toda essa luta aí é por conta da votação da queda do decreto do IOF na semana passada (o Motta botou para votar de repente e o governo perdeu de lavada). E, no fim das contas, quem ficou com a batata quente foi o Supremo. Os supremos que lutem agora. Porque o PSOL já pediu para os ministros derrubarem a decisão do Congresso e, assim, fazer voltar o aumento do IOF. E a expectativa é de que o governo Lula, por meio do seu Advogado-Geral, entre com um processo ainda nesta semana.
Para os perdidos. O IOF, não se perca, é o imposto sobre operações financeiras. Na guerra dos lobbies, os ricos (do Congresso) mais a Faria Lima tentam convencer que o aumento do IOF afeta o custo do crédito das pequenas e médias empresas e, do outro lado, os pobres (do governo) dizem que afeta só quem gasta em dólar com cartão de crédito e quem mora em cobertura.
Bolsonaro quer ser o Centrão
E o Bolsonaro que quer tomar o lugar do Centrão?
Bolsonaro foi para a Paulista pela milionésima vez e, como qualquer coisa que acontece pela milionésima vez, o público não foi lá essas coisas. Os números da USP dizem que teve quase 13 mil pessoas por lá. Ou seja, uns gatos pingados. E pouco importa a briga de números, porque as fotos mostram que Bolsonaro já foi mais pop.
Mas esqueçamos os números e foquemos no discurso do Bolsonaro. E só o que posso dizer é que ele realmente quer ser o novo Centrão, BRASEW:
“Se vocês me derem isso (50% da Câmara e do Senado), não interessa onde esteja, aqui ou no além, quem assumir a liderança vai mandar mais que o presidente da República.”
Alô, Valdemar Voldemort da Costa Neto (dono do PL), procede? Alô, Ciro Nogueira (o Cirão dono do PP), procede? Alô, Arthurzito Lira (outro dono do PP), procede? Alô, Gilberto Kassab (dono do PSD), procede? Procede que todos vocês, caciques supremos, deixarão o Bolsonaro tomar o lugar do Centrão no Congresso?
E Bolsonaro ainda quer fazer muitos senadores bolsonaristas. Lá, é bem mais fácil o Bolsonaro conseguir o que quer. E não custa lembrar que é o Senado que pode fazer impeachment de supremos como o Xandão.
Tarcísio na sinuca
E o Tarcísio, conhecido por aqui como Thorcísio – nosso governador de São Paulo que se acha o Thor –, foi também na palestrinha do Bolsonaro, digo, no ato supremo na Paulista. Chegou lá e ficou só naquela de falar mal do PT. Nem uma palavrinha contra o Supremo. Queria ser uma lagartixa só para poder subir nas paredes do palácio do Tarcísio e ouvir ele dizer que é roubada ser presidente nesse cenário. Ops, eu sou uma lagartixa!!!!!
E é isso, BRASEW, vou ficar só no Bolsonaro e no Lula hoje. O resto fica para o resto da semana. Vou ali buscar uns conselhos.
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