Donald J. Trump entrou na guerra no sábado à noite, atacando umas instalações nucleares do Irã, e nesta segunda-feira anunciou que a guerra acabou, algumas horas depois de o Irã ter atacado bases americanas no Catar. Diz o Trump que Israel e Irã teriam concordado com o cessar-fogo total.
Faço votos que a informação seja mais real que os dois telefonemas que o Orange disse que daria assim que assumisse a presidência dos Estados Unidos para acabar com a guerra da Ucrânia e a guerra contra Gaza. Os telefonemas ele até deu, mas as guerras, como todo mundo sabe, não se acabaram.
O pessoal ficou na dúvida se esse cessar-fogo total vai de fato acontecer porque ontem Trump tinha escrito que não era correto se falar em mudança de regime no Irã (ou seja, não seria por causa disso que os EUA teriam atacado o país). Mas, ao mesmo tempo, escreveu que se o atual regime não conseguir fazer o Irã grande novamente, por que não mudar o regime? Foi aí que ele lançou o MIGA. Miga, sua loka (total). Ficou todo mundo apavorado.
Celso Amorim, que é assessor especial de Lula para assuntos internacionais, deu o diagnóstico: “Tentar mudar o regime no Irã vai ser um caos pior do que o que ocorreu no Iraque e na Líbia."
Foi assim fácil?
A Casa Branca já está oficialmente se gabando de ter acabado com o programa nuclear do Irã. Oi? Era fácil assim? Por que não foi feito antes? Essa parte ninguém acreditou muito, porque os próprios militares americanos anunciaram que as instalações nucleares sofreram danos graves, mas ninguém disse que elas se acabaram. A Agência Internacional de Energia Atômica também diz que não sabe se o programa nuclear acabou.
Dada a experiência do Iraque, de fato, nunca saberemos de nada, né, darling? Os Estados Unidos atacaram o Iraque no começo dos anos 2000, muito antes de alguém imaginar que Trump seria candidato a presidente, alegando que Saddam Hussein tinha um programa nuclear. Depois ficou provado que não era verdade.
Para os Perdidos: Israel atacou o Irã há 12 dias, alegando que o regime iraniano estava prestes a obter armas nucleares, o que seria uma ameaça existencial para Israel. Mas a imprensa internacional também relata que era bom para o Bibi Netanyahu começar uma nova guerra para desviar o foco das críticas de seu governo. Por isso, fica todo mundo sem saber se a guerra dos 12 dias (como Trump a apelidou) acabou ou não acabou mesmo.
A propósito, você sabia que a lei americana prevê que o presidente peça autorização do Congresso ou do Conselho de Segurança da ONU antes de entrar em guerra? Informei.
A propósito novamente, você sabia que parte influente do MAGA (o movimento criado pelo Trump que fala do Make America Great Again) não gostou nem um pouco de os Estados Unidos entrarem na guerra do Irã? E estamos falando de gente como Steve Bannon e Tucker Carlson. MIGA, sua loka!
Qual lado?
O anúncio de um cessar-fogo total e imediato deve ter pego o Departamento de Estado dos EUA no contrapé. O departamento tinha começado a segunda-feira botando maior pressão nos países da América Latina, dizendo que tinham que escolher: tá com quem na guerra? Não parece que alguém esqueceu de avisar que a guerra ia dar uma pausa?
Agora ninguém precisa mais se posicionar?
Huguito com H
E o Hugo Motta, sim, o Huguito com H que manda na Câmara frigorífica, todo trabalhado no modo “povão”, tomando uísque no gargalo?
A vida é assim, darling, enquanto o Congresso vai chegando nas férias de julho sem ter feito grandes coisas até agora, o presidente da Casa está comemorando São João e se deixando fotografar tomando uísque no gargalo. Dizem os entendidos que ele está preocupado com sua base de eleitores, e aí tem que ser mais pop. Será que não é pop aumentar imposto para os mais ricos? Just saying.
E o Tarcísio?
Tarcísio de Freitas, nosso Thorcisio, que adora dar uma de Thor cada vez que vai na bolsa de valores, saiu fantasiado com a bandeira de Israel durante a Marcha para Jesus. A essas alturas ninguém mais sabe por que usa a bandeira de Israel, mas ela já ficou associada ao bolsonarismo. MIGA, sua loka!
A propósito, teve um pastor evangélico que andou dizendo que o uso político da religião, levando o bolsonarismo para dentro das igrejas evangélicas, foi o que fez com que houvesse uma queda no crescimento do número de evangélicos no país.

Que amizade?
Enquanto isso, Lula resolveu fingir que não era com ele a lei feita pelo Congresso que cria o Dia da Amizade Brasil e Israel. O presidente simplesmente não vetou nem sancionou a lei. Agora cabe ao Alcolumbre, a estrela mais alta do Senado, promulgar a lei. Como se sabe, Lula vive dizendo que Israel está cometendo genocídio com o povo palestino de Gaza — ia ficar estranho assinar um laço de amizade.
Comunicação ou entrega?
E o Lula sobre Alckmin, em entrevista ao Mano Brown:
“Ele não é esse tipo de gente” (que dá golpe como Temer).
Lula sobre o aumento do IOF (aquele que os bancos pularam de ódio dizendo que não podia aumentar):
“Não é imposto de renda. É pegar um pouquinho só para a gente poder fazer a compensação, porque toda vez que a gente vai ultrapassar o arcabouço fiscal, a gente tem que cortar no Orçamento.”
Lula sobre as deepfakes:
“Não sabemos o tamanho da desfaçatez da extrema-direita em usar isso. Se a gente não regular o comportamento das mídias digitais, principalmente depois da inteligência artificial, estamos totalmente vulneráveis.”
Mas o presidente acha que a regulação é mais fácil se vier pelo Supremo, porque o Congresso está difícil de conter os lobbies.
Lula, se for candidato:
“Podem procurar o candidato que quiserem, se eu for candidato é para ganhar as eleições.” Se for.
E o Lula achando ainda que é Sidônio que precisa resolver tudo para voltar a ter popularidade:
“A gente não comunicou corretamente. As pessoas não sabem das coisas que nós fizemos e, se não sabem, não têm por que aprovarem o governo.”
Mas, ao mesmo tempo, ele também disse que sofreram muito porque precisaram reconstruir o que o governo Bolsonaro destruiu, e disse:
“Até o segundo semestre deste ano, eu dizia para as pessoas: não há por que ainda terem a afirmação de que o governo está indo muito bem, porque a gente não está entregando as coisas que nós prometemos entregar. E eu disse, também, que este ano era o ano da colheita e que nós iríamos entregar.”
Enfim, companheiro Lula, o problema é de comunicação ou é de falta de entrega?
Por hoje chega. Aguardemos ansiosos o desenrolar da guerra dos 12 dias.
Eu vou ali, tomar um gole de chocolate quente, BRASEW. Sem uísque.
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