Nunca antes na História. O nosso 11 de setembro estará nos anais como o dia em que o Supremo condenou um ex-presidente, um deputado federal, três generais e um almirante a décadas de prisão por tentarem dar um golpe de Estado. E, junto com a condenação, um recado: não vai ter anistia, nem indulto, nem perdão judicial. (Tarcísio e o Centrão agradecem?)


Bolsonaro, nosso ex, pegou 27 anos de prisão. Em regime fechado, o que significa prisão. (Vai para a Papuda? Ainda não se sabe, darling, mas, mesmo assim, só vai preso depois de todos os recursos). Votos de Xandão, Dino, Carminha e Zanin.

O maior recado veio da fala de Xandão (que estava inflado com o apoio de pelo menos outros cinco ministros supremos): “Não pode ter indulto, não pode ter anistia, não pode ter perdão judicial para alguém que tentou derrubar a democracia.” Com isso, até Mauro Cid, o delator que entregou todo o esquema, pegou 2 anos de prisão, mas em regime aberto. (Cid se deu muito bem, darling, e foi exatamente a mensagem que o Supremo quis passar. Quem delatar esse tipo de crime vai se dar bem.)

Os recados

Para o Congresso Nacional, ficou o seguinte recado: se aprovarem a anistia, o Supremo vai derrubar. Se o próximo presidente der algum indulto, eles vão derrubar.
Mas vamos combinar que sempre dá para mudar a composição do Supremo. O próximo governo (não importa se de esquerda ou de direita) vai indicar três ministros supremos (mas também nada impede que eles antecipem a aposentadoria para evitar que o próximo presidente tenha esse privilégio).

Outro recado
Apesar de toda a discussão sobre se o caso deveria ou não ir para o Plenário do Supremo, Gilmar Mendes e o supremo-mor, Luís Roberto Barroso, que não participaram do julgamento, fizeram questão de comparecer. O recado, mais uma vez, foi claro: se fosse ao Plenário, Bolsonaro ainda assim seria condenado. Perderia por, no mínimo, 6x5.

Dissenso ou discórdia?

O supremo Fux, que ficou 12 horas tentando convencer alguém de que tinha que condenar Mauro Cid e absolver Bolsonaro, estava que nem coleguinha isolado na sala de aula. Depois ficou repetindo que julgou com base na falta de provas. Mas, no fim, agradeceu que todos o respeitassem, sabendo que o dissenso não quer dizer discórdia. Claro, claro.

Xandão, para confrontar Fux, mostrou vídeos de Bolsonaro em que nosso ex, completamente alterado, no 7 de setembro de 2021, ameaçou Xandão. A ameaça era basicamente de que, se o Supremo não arquivasse processos que ele queria que fossem arquivados, Xandão ia ver só.
A resposta de Xandão, em outras palavras, é que “não se negocia com terroristas”. Se Xandão arquiva processos, deixa de ser relator de um processo ou deixa de julgar um processo (como queriam fazer no caso do golpe), o próximo relator, o próximo juiz supremo, estaria com a mesma faca no pescoço.

O melhor recado do Fux

Fux foi o supremo que teve as manhas de condenar Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e absolver o próprio Bolsonaro. É tipo: meu secretário fez tudo sozinho e eu não sabia de nada. Mas o supremo dono da maior cabeleira ever de todos os tempos fez uma importante observação no fim de tudo (e uma importante observação real e oficial): corrupção também precisa ser enquadrada como atentado à democracia. Taí, eu topo. E vocês?

A reação de Trump

E o que disse Donald J. Trump (J de João)? “É surpreendente.” E foi basicamente isso. Como todos sabem, Trump fez todas as ameaças possíveis ao Brasil por conta do julgamento. Tiraram até o cartão de crédito do Xandão. Mas, durante o julgamento, efetivamente, nada foi feito. Dizem que amanhã virá uma resposta. Será? Eu já quero sextar na quinta como o Xandão, darling. Por favor, né? O Marco Rubio, secretário de Estado, disse que vai dar uma resposta à altura.

Sobre Mauro Cid

Nem Mauro Cid deixou de ser condenado e ganhou 2 anos de prisão, mas em regime aberto porque foi um colaborador valioso. A verdade é que, sem Mauro Cid, talvez nem soubéssemos que o comando das Forças Armadas foi chamado para avaliar uma minuta de golpe. Reuniões inclusive confirmadas pelos comandantes das Forças Armadas.

O roteiro do golpe em 9 pontos, segundo o Supremo

  1. Bolsonaro questionou o nosso sistema eleitoral numa live de 2021 e, meses depois, pediu em praça pública a cabeça do Xandão. (Até o Temer teve que agir para acalmar os ânimos).
  2. A massa bolsonarista embarcou na narrativa de que as urnas eletrônicas eram um problema. Bolsonaro tentou convencer embaixadores de que nosso sistema não era justo.
  3. Ao fim do primeiro turno das eleições, o governo Bolsonaro tentou evitar que eleitores de Lula chegassem ao local de votação no Nordeste.
  4. Bolsonaro perdeu a eleição e então começou o plano B: questionar o resultado das eleições na Justiça. Não deu certo, veio o plano C, o golpe em si. Planejou-se até mesmo matar Xandão, Lula e Alckmin.
  5. Os kids pretos foram para a casa de Xandão botar o plano em curso.
  6. As minutas do golpe foram elaboradas. Mas os chefes das Forças Armadas não toparam a aventura (como topariam se a embaixada americana já tinha dito que as eleições brasileiras eram justas, indicando que não iam apoiar nenhum tipo de golpe?).
  7. No dia da diplomação de Lula, ônibus foram queimados e a sede da Polícia Federal, atacada. No Natal, tentou-se explodir uma bomba no aeroporto de Brasília.
  8. Bolsonaristas foram para a frente dos quartéis e, em 8 de janeiro, quando Bolsonaro nem era mais presidente, tentou-se a última dose: o caos total para que se decretasse uma garantia da lei e da ordem para os milicos ficarem no comando.
  9. Não deu certo. E, em 11 de setembro de 2025, os líderes do golpe foram condenados.

Condenados

Os condenados por ordem de tamanho de pena e importância na trama golpista: Jair Bolsonaro, general Braga Netto, Anderson Torres, almirante Almir Garnier, general Heleno, general Paulo Sérgio, Alexandre Ramagem e o coronel Mauro Cid.

O recado de Dino

Não se consegue a paz anistiando ou perdoando tentativas de golpe, e o supremo ministro deu como exemplo o atentado político que tirou a vida de um influenciador e apoiador de Trump nesta semana. O tal influencer defendia o uso de armas pela população, mesmo que todo ano alguns tivessem que morrer por conta do uso indevido de armas.

E é isso, darling. Amanhã voltaremos à nossa programação normal.

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