É sexta e o Supremo tá como? Trabalhando sem parar e dominando todas as notícias do dia. Collor preso. Moça do batom condenada. Dino dando prazo pra explicar emendas. Gilmar prorrogando acordão do marco temporal. Nem vou buscar mais assunto, BRASEW. Apesar de que o Trump não deixa. Bora direto pro capítulo Collor.

Capítulo Collor

Não dá pra saber direito se era um sorriso ou efeito de alguma harmonização facial, mas Collor, o Fernando ex-presidente, foi pra prisão sorrindo durante a audiência de custódia nesta sexta-feira de abril de 2025. E não, Collor não foi preso porque ele confiscou a poupança da galera, não foi preso porque sofreu impeachment, não foi preso por causa do Fiat Elba, não foi preso por causa da morte do PC Farias, não foi preso por conta das acusações de corrupção da década de 90. Nada disso. Quem pegou Collor foi a Lava Jato. Coisa de fazer inveja ao Sérgio Moro. Não, darling, não foi a Lava Jato do Sérgio Moro que pegou o Collor. É, eu sei, não é fácil entender o roteiro deste BRASEW.

Mas eis que, graças ao decano Gilmar, o próprio Supremo poderá explicar a prisão de Fernando Collor pela Lava Jato ao mesmo tempo em que tantos processos da própria Lava Jato foram anulados (a explicação mais fácil é a de que o problema era a imparcialidade do Sérgio Moro).

Eis o que aconteceu nestes dois dias:

  1. Xandão mandou, na quinta, prender Collor porque os advogados não paravam de recorrer pra evitar a prisão de uma condenação final e definitiva determinada há dois anos. (Mas como a Justiça permite mil recursos pra questionar praticamente as vírgulas, os advogados estavam recorrendo, é claro. Até que o Xandão achou que já tinha virado palhaçada.)
  2. O supremo mor, Barroso, determinou que o caso deveria ser julgado pelo plenário nesta sexta, mas apenas virtualmente (cada supremo deposita seu voto e é isso).
  3. Seis minutos depois de iniciado o julgamento virtual, o supremo Gilmar fez uma manobra pra levar o caso para o plenário físico sob a alegação de que a decisão era importante demais pra ser julgada assim, virtualmente. Com a manobra, o caso obrigatoriamente precisa ir pro plenário físico.
  4. Seis ministros supremos já anteciparam voto pra manutenção da prisão (ou seja, haja o que houver na sessão física, Collor seguirá preso).

Enfim, de qualquer forma, os ministros agora terão a oportunidade de dizer em viva voz e em transmissão pela TV por que estão mandando Collor pra prisão.

Mas tô curiosa mesmo pra saber o que dirá o supremo Gilmar de tão importante. Afinal, ele foi um dos dois ministros que, em 2023, votou pela absolvição de Collor, alegando que a Procuradoria-Geral da República não apresentou provas suficientes.

A direita tá se refestelando no causo. Um ex-presidente preso por conta de uma Lava Jato que prende uns e solta outros, e julgado pelo plenário que julga um ex-presidente mas não o outro. Sim, BRASEW, The Treta Never Ends.

E por que Collor foi preso, Tixa? Ele foi condenado a mais de oito anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. Collor ganhou uns R$ 29 milhões em propinas por conseguir uns contratinhos da BR Distribuidora (que era da Petrobras) pra UTC Engenharia. O caso foi investigado no âmbito da Lava Jato. Mas como Collor era senador, o caso não ficou em Curitiba, foi direto pro Supremo.

Fun fact: os advogados de Collor pediram prisão domiciliar pro ex-caçador de marajás (e agora marajá?) dizendo que ele é bipolar e tem mal de Parkinson. Na audiência de custódia, Collor disse que tá bem e não toma remédio nenhum. Os advogados rebateram: confusão mental, meritíssimo!

Capítulo das emendas

O supremo Dino não desistiu das emendas, não, BRASEW. Ele deu 10 dias úteis pra que a Câmara frigorífica e o Senado informem como eles vão registrar o nome do congressista responsável por propor qualquer mudança no destino dessa ou daquela emendinha (de bancada ou de comissão). O Congresso fez um formulário, mas lá no formulário não tem um campo pro nome do congressista que propôs mudanças. Tolinhos.

Capítulo do batom

O supremo Fux já tinha dito que não ia concordar com a pena da moça do batom, que pichou a estátua da liberdade, digo, da Justiça. Mas ninguém achou que o Fux ia reduzir tanto a pena. Enquanto Xandão determinou 14 anos, Fux sugeriu um pouco mais de um ano.

O caso da moça do batom começou a ser usado pela direita pra tentar convencer todo mundo de que o Supremo é do mal, imagina, condenando uma simples cabeleireira que usou seu inofensivo batom pra pichar uma estátua. Pois bem, tem funcionado. Não adianta tentar explicar que Débora Rodrigues participou da tentativa de golpe de Estado, saiu do Paraná, foi pros acampamentos e essas coisas.

No fim das contas, por maioria, os supremos da Primeira Turma determinaram 14 anos de prisão. Votos de Dino, Xandão e Carminha. Fux queria pouco mais de um ano, e Zanin queria 11 anos.

Mas, porém, todavia, entretanto, contudo, o fato de dois ministros reduzirem penas dá novo sinal de que o Supremo pode entrar na onda de anistia não, mas redução de pena talvez. Pra infelicidade da Débora, não vai ter anistia tão cedo. Mas pelo menos ela já tá em prisão domiciliar.

Capítulo indígena

O supremo Gilmar prorrogou o prazo da comissão que estuda uma alternativa pro marco temporal. O Supremo quer fazer um acordão com Senado, Câmara e Planalto pra se chegar a uma solução.

Capítulo Trump

Hoje o FBI prendeu até uma juíza porque ela teria dado cobertura pra um imigrante fugir de uma ordem de prisão no seu tribunal. Sim, darling, o FBI, que é ligado ao governo, prendeu uma juíza.

Mas neste capítulo achei interessante destacar que nosso querido Jojo, o Joesley Batista, aparece em primeiro lugar na lista de doações pra festinha de posse do Trump. As doações pra cerimônia somaram 209 milhões de doletas. A Pilgrim’s, empresa do Jojo, foi a maior doadora com 5 milhões de doletas. É o famoso: se hay gobierno, soy a favor. Ops, acho que a frase não era bem assim.

Ah, deixa pra lá. Bora pro fim de semana que na próxima semana tem feriadão, de novo. Acorda, BRASEW.


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