Nem o efeito Felca foi suficiente para sensibilizar os bolsonaristas, que aparentemente não aceitam regulação das redes de jeito nenhum. Nem se for para proteger crianças e adolescentes (os lobistas das big techs agradecem e mandam um coração). O problema, segundo parlamentares bolsonaristas, é o de sempre: censura e liberdade de expressão.

O atual dono da Câmara Frigorífica, Huguito Motta, teve até que fazer uma manobra hoje para pautar com urgência o PL 2628, que foi aprovado no Senado (inclusive com apoio da Damares, que parece ser a única bolsonarista que quer ver o projeto aprovado).

Pelos relatos da Thais Bilenky, no UOL, Huguito chegou ao Plenário quando havia uns quatro deputados, fez Sâmia Bomfim se apressar no discurso, abriu a sessão e pautou a urgência. Foi aprovada porque ninguém se manifestou contra. Fez errado? Quando a sessão começou, os deputados deveriam estar lá. Não estavam, eles que lutem.

Censura?

Os bolsonaristas alegam que o projeto prevê uma série de censuras. Ok, parece justa a preocupação, certo? Mas o deputado Jadyel Alencar, que é do Republicanos (mesmo partido do Tarcísio, partido de direita, apoiador de Bolsonaro), disse em entrevista ao Estadão que os bolsonaristas reclamam, reclamam, mas não mandaram nenhuma sugestão de alteração de algum artigo do texto. O deputado é quem está construindo o texto substitutivo ao que foi aprovado no Senado e que irá à votação na Câmara.

Jadyel está propondo retirar a possibilidade de remoção de conteúdo ofensivo a crianças sem ordem judicial (o Supremo já tinha decidido que deve remover mesmo sem ordem, mas, se a lei for aprovada, cai a decisão suprema). O deputado também retirou a expressão “dever de cuidado” para evitar qualquer interpretação que levasse à censura. Mas manteve a autoridade fiscalizadora e a retenção, por parte das redes, de conteúdos abusivos.

Carol, me ajuda aqui que não estou entendendo

A deputada bolsonarista Carol de Toni diz que há um excesso de regulamentação das redes (alguém viu?) e que “eles” estão usando o combate à sexualização de crianças para controlar as big techs. Levando em conta que o Felca provou por A + B que a coisa rola solta nas redes, fica difícil entender a nobre deputada. Nessa parte, não era melhor alguém controlar as big techs?

As redes simplesmente deixam seus algoritmos à vontade para entregar conteúdo de crianças para pedófilos, e é isso. As redes deixam seus algoritmos à vontade para mostrar conteúdos que levam crianças a fazer desafios em casa que tirem suas vidas, e é isso (vide a criança que morreu em Brasília fazendo o desafio do desodorante). As crianças que lutem?

O projeto deve ser votado nesta quarta. De qualquer forma, como já está prevista uma mudança no texto, o projeto deve voltar ao Senado.

O governo estressa qualquer um também

O governo Lula, que tinha dado uma recuada para deixar que pelo menos a parte da regulação de crianças e adolescentes fosse votada, agora deixou a imprensa saber que vai mandar outros dois projetos de regulação para o Congresso. De detalhes mais econômicos e tals. Mas vale aquele meme: qual a necessidade disso?

Assuntos mundanos da política

O União Brasil (do Alcolumbre, do Rueda, do ACM Neto) e o PP (do Lira e do Ciro Nogueira) formaram uma federação.

Para os perdidos: diferente de uma coligação temporária, a federação obriga os partidos a atuarem como se fossem um só por pelo menos quatro anos. Eles precisam ter posições unificadas em votações no Congresso, nas eleições presidenciais, estaduais e municipais. Compartilham tempo de TV, fundo partidário e estrutura política, como se fossem uma única legenda.

Os dois partidos se uniram porque passam a ser a maior bancada na Câmara, são um bloco de 109 deputados, terão sete governadores e mais de 1.300 prefeitos. E, apesar de estarem na base do governo, com ministros na Esplanada do Lula, a estratégia é ter um candidato para unir centro e centro-direita. Adiós, Bolsonaro? Tarcísio lidera as casas de apostas dos membros da federação. Mas note que Tarcísio é do Republicanos (que é outro partido).

Tarifaço

Os Estados Unidos aceitaram a consulta feita pelo Brasil na Organização Mundial do Comércio. Isso significa que estão negociando. Not. Ao aceitar a consulta, adiam que o caso suba imediatamente para instâncias superiores dentro da OMC, os chamados painéis. Logo, o processo demora mais. Além disso, os Estados Unidos já disseram à OMC que o caso reclamado pelo Brasil é de segurança nacional e, por isso, não deveria ir para a organização do comércio.

O risco vuvuzela

A notícia quente do dia mesmo, vinda dos EUA, é o envio de navios de guerra para a costa da Venezuela sob o pretexto de combater cartéis de drogas. Eita, sei não, hein? (Só eu acho que a Venezuela é pertinho demais?) A análise é de que o que Trump quer mesmo é derrubar o Maduro (vale lembrar que nem o governo Lula o reconheceu como presidente eleito na última eleição).

A porta-voz da Casa Branca não deixou dúvidas: “Com relação à Venezuela, o presidente Trump tem sido muito claro e consistente. Ele está preparado para usar todo o poder americano para impedir que as drogas inundem nosso país e para levar os responsáveis à Justiça.”

E acrescentou: “Maduro não é um presidente legítimo”.

E o Supremo?

O Supremo parece mais dividido do que nunca, pelo menos é o que os ministros deixam chegar à imprensa (sempre na condição do anonimato). A divisão agora seria por conta da decisão do Flávio Dino, que obriga os bancos brasileiros a manterem as contas do Xandão mesmo com a Magnitsky. Os bancos estão apavorados porque estão entre a cruz e a espada. Ou obedecem o Trump ou obedecem o Dino. Eles que lutem. (Ganham bem para terem esse tipo de problema.)

Pensamento aleatório: não podia o Xandão transferir todo o seu rico patrimônio para um único banco? Facilitava o rolê, não? Por que não o BRB?

É que brasileiro agora é assim, tipo a Tixa: tem sete contas bancárias e dinheiro em nenhuma delas.

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