É o Tarcísio se “abraçando” na bandeira vermelha, digo, dos Estados Unidos, e chamando Xandão de tirano. (“Abraçando” é licença poética para a bandeira estendida na avenida). É o Tarcísio que uma hora é candidato a presidente e, outra hora, é radical. É Malafaia dizendo que talvez a bandeira tenha sido coisa da esquerda. É Dudu Bolsonaro contradizendo Malafaia. É o Xandão que vai dar seu voto a partir desta terça. É a semana do Bolsonaro no Supremo, BRASEW.
O governador Tarcísio de Freitas, mais conhecido aqui na TixaNews como Thorcísio, foi a um eventinho de empresários em São Paulo, há umas duas semanas, e ficou uma hora falando dos projetos do futuro presidente do Brasil, ao lado de Ciro Nogueira e Ricardo Nunes (o prefeito de São Paulo), de como é bonito ser moderado e blá, blá, blá. Passou todo o tempo em que esteve no palco sem citar ou fazer qualquer menção, por menor que fosse, à figura de Bolsonaro.
Agora, Tarcísio vai do 8 ao 80 na velocidade da luz. Outro dia, o governador já disse que não confiava na Justiça. Aí, ontem, na Paulista, no ato em prol de Bolsonaro, disse que vivemos uma tirania do Xandão e que Bolsonaro tem que ser candidato. Ahã, claro, claro. E agora? Acreditamos em qual Tarcísio, BRASEW?
Desequilíbrio
“O que vimos foi uma pessoa desequilibrada”, disse Rui Costa, ministro do Lula, sobre Tarcísio na Paulista. Mas até aí, Rui é adversário político. Estranho seria se ele achasse que o Tarcísio dizer que ninguém aguenta mais a tirania do Xandão fosse algo totalmente normal. O problema é que os ministros supremos também acharam as palavras desequilibradas. E já há quem diga que Tarcísio implodiu pontes por lá. A verdade é que uma lei sobre anistia ou indulto de Bolsonaro vai acabar no Supremo.
Tretas bolsonaristas
A treta das manifestações da Paulista, em que bolsonaristas fizeram um ato do 7 de Setembro pró-anistia, se instalou devidamente entre Malafaia e Dudu Bolsonaro.
Os bolsonaristas abriram uma bandeira gigante dos Estados Unidos (ironicamente, quase na frente da Fiesp, que está sofrendo com o tarifaço do Trump, e bem no dia da Independência do Brasil). O Malafaia, que organiza esses eventos, deu uma entrevista para a Mônica Bergamo xingando quem botou a bandeira na avenida. Daí pensou uns dois minutos e disse que deve ter sido a esquerda que botou a bandeira lá.
Mas o problema do Malafaia é que tem um filho de Bolsonaro abraçadíssimo à bandeira americana. Nas suas redes sociais, Dudu Bolsonaro foi, inclusive, didático explicando por que havia uma bandeira do Tio Sam no meio da Paulista, no dia da Independência.
“Por que uma bandeira dos EUA no dia da Independência do Brasil? As ditaduras geralmente são derrubadas de fora para dentro, porque dentro delas os tiranos censuram qualquer ferramenta que possa fazê-los perder o poder. É por isso que, no Dia da Independência do Brasil, as pessoas foram às ruas para desmentir a narrativa oficial de que Donald Trump não tem legitimidade no Brasil e que há um ataque americano em andamento contra a soberania nacional.”
É, pensando bem, não foi tão didático assim.
Mas enfim, o resumo é o seguinte: enquanto Malafaia xingava quem estendeu a bandeira no meio da Paulista, Dudu Bolsonaro justificava o motivo de terem estendido.
Verde-amarelo dos vermelhos
Malafaia disse que a esquerda tentou botar a bandeira dos Estados Unidos na manifestação dos bolsonaristas, mas vamos ser justos e dizer que a esquerda tentou mesmo foi botar um verde-amarelo na sua manifestação micada no centro de São Paulo. Até tinha uma bandeirinha ou outra. Mas o objetivo falhou com sucesso.
Xandão abre seu voto
E eis que, nesta terça, ficaremos sabendo a pena que Xandão vai aplicar ao Bolsonaro (nas casas de apostas aqui da Tixa, ninguém aposta que Xandão vai absolvê-lo). A defesa até admitiu que rolou a tal reunião com os chefes das Forças Armadas para falar do tal decreto do golpe, mas que nunca passou disso e que a lei brasileira prevê que só se pode condenar alguém por tentativa de golpe se tiver havido uso de violência.
O procurador-geral viu atos violentos até mesmo na operação da Polícia Rodoviária Federal que tentou impedir que eleitores de Lula fossem votar no Nordeste. Bolsonaro ainda é acusado de ser o chefão do rolê e de causar dano ao patrimônio público.
Enfim, vai ter pano para manga e você lerá o resumo de tudo aqui na Tixa, a única lagartixa deste país que resume tudo no maior bom humor. E, se você quiser receber no zap, é só clicar aqui.
Lula se complicando com o PCC
O governo Lula deu um tiro certeiro na comunicação com a operação contra o PCC na Faria Lima. Apesar de ter sido feita em conjunto com as autoridades de São Paulo, a operação ficou na conta do governo federal. Coisa de virar voto em campanha. Mas, porém, todavia, entretanto, contudo, eis que hoje teve outra operação do Ministério Público de São Paulo que prendeu duas mulheres: Alessandra Moja e Yasmin Moja, irmã e sobrinha do traficante Leo do Moinho, integrante do PCC e que foi preso no ano passado. Até aí, tudo lindo.
O problema é que as duas, acusadas de abastecimento de drogas na Cracolândia, dividiram palco com Lula na Favela do Moinho, em junho deste ano. O governo federal estava lançando um programa habitacional junto com o governo de São Paulo (elas eram representantes dos moradores). Para infelicidade geral do Lula, ele ainda criticou os jornais que ficavam dizendo que o governo protegia o crime organizado, porque, para a elite, pobre e morador de favela é tudo bandido, como mostrou vídeo resgatado pelo site Metrópoles.
O Lula sabia quem eram elas? Darling, provavelmente não. Mas, obviamente, os bolsonaristas vão dizer que ele sabia, e os lulistas vão dizer que o governo de São Paulo que as infiltrou. Nikolas Ferreira já começou o movimento nas suas redes. Campanha na rua, BRASEW.
Sabe qual a moral da história? Assim como tem que monitorar quem abre bandeira dos Estados Unidos num ato bolsonarista (como o Malafaia disse que vai fazer, porque, internamente, isso tira voto), os assessores de Lula precisam saber quem sobe no palanque com ele. O Sidônio que lute.
Os BRICS
Hoje teve reunião dos BRICS, aquele grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul (e os seis novos países que entraram no rolê em 2024), e que Trump vê como uma ameaça. No seu discurso, Lula disse que a chantagem tarifária está sendo normalizada e com ameaças às instituições. Mas nada sobre a possibilidade de os países se unirem para não usar mais o dólar.
Parte da direita no Brasil gosta de dizer que são essas falas de Lula sobre o dólar que levaram Trump a aplicar tarifas. (Já o Dudu faz questão de dizer que a tarifa é só por conta do Bolsonaro.)
Dudu que lute
Haddad, nosso Fernandinho Cabelo, teve seu visto americano aprovado para participar da Semana do Clima de Nova York e depois participar de um encontro anual do FMI em Washington. Tem gente comemorando, dizendo que isso é sinal de que Trump não vai escalar. Dudu que lute com esse visto agora.
Amigo Geral da República
E, oficialmente, essa Tixa concede ao senador Ciro Nogueira (cacique do PP, do Centrão e ex-ministro de Bolsonaro) a honraria de Amigo Geral da República. Depois da revelação de sua amizade com o Tigrinho, dos afagos ao Tarcísio de Freitas no evento da Esfera, agora foi a vez de descobrirmos, por meio de entrevista da repórter Alexa Salomão, na Folha, que Nogueirão é miguxo de Ricardo Magro.
Para os perdidos: Magro é dono da Refit (empresa líder no setor de combustíveis) que foi citada nas investigações da Operação Carbono Oculto (aquela que pegou o PCC na Faria Lima), acusado de sonegar bilhões de reais em impostos (principalmente em São Paulo). Mas ele jurou que é um pobre perseguido da Cosan, da Secretaria da Fazenda de São Paulo e do PCC. Ah, o tal Ricardo Magro já foi preso, mas absolvido, num rolê envolvendo fundos de pensão.
Nogueirão construindo pontes e fazendo amigos.
Engripou
Milei, o presidente argentino da motosserra, tomou uma surra hoje. Calma, darling, foi apenas nas urnas. A Liberdade Avança, partido de Milei, tomou um chocolate do Peronismo e perdeu as eleições legislativas de goleada, justo na província de Buenos Aires, que é a principal do país. Foi 47,3% contra 33,7%.
E o que isso significa? Que até a oposição ficou surpresa com o resultado (mesmo esperando uma derrota de Milei depois do escândalo de corrupção envolvendo a irmã) e que será difícil para o Milei reverter esse cenário, que pode melar totalmente seu plano econômico (já que, se ele não conseguir ter maioria na Câmara e no Senado de lá, não vai aprovar nadinha dos seus projetos).
Chega, BRASEW, que amanhã tem julgamento.
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