Nada está tão ruim que não possa piorar — e a crise do INSS no governo Lula não melhora um tiquinho. Muito pelo contrário. Quer ver? Foi ministro do Lula falando mal de ministro do Lula. Foi advogado do governo decidindo por conta própria excluir entidades do bloqueio de patrimônio. Foi ministra dizendo que vai usar dinheiro público pra cobrir o rombo dos aposentados.
Vem que eu explico, porque aqui no éNoiteNaCidade, a Tixa só conta o melhor do que aconteceu no dia, no BRASEW. (Assina a newsletter que chega quase meia-noite, darling.)
O chefe da Casa Civil de Lula, Rui Costa, resolveu dar uma entrevista pra O Globo e saiu falando mal do ministro do presidente que ajudou a expor as fraudes (o da Controladoria-Geral da União). Sim, believe me. O ministro do Lula falando mal do ministro do Lula no meio dessa crise toda dos aposentados. Ruizito, companheiro... boca fechada não entra mosca. (Se bem que lagartixa adora uma mosca.)
Eu fico pensando no Sidônio quando lê essas coisas. Ele deve pensar: “O rolê já aconteceu mesmo, custava o Rui, em vez de falar mal, dar uma elogiada no grande ministro do Lula que ajudou a descobrir as fraudes?” Not, foi lá falar mal do outro.
Por exemplo: olha o supremo Flávio Dino (que já foi ministro do Lula). No meio de uma decisão sobre emendas Pix, rasgou elogios pra CGU, exaltando o trabalho técnico da Controladoria e coisa e tal. E escreveu que a CGU, junto com a PF, revelou “a tragédia com o dinheiro dos aposentados do INSS”. Viu, Rui? Não quero dizer nada, mas acho que o Sidônio teria preferido que você tivesse dito algo desse tipo: que foi o governo Lula que revelou essa tragédia.
Mas tem mais
O adEvogado-Geral da União do governo Lula pediu o bloqueio de patrimônio de 12 entidades investigadas pela Polícia Federal pelos descontos indevidos. Opa, ótimo. Perfeito. Mas daí a AGU deixou outras quatro entidades de fora do rolê. Detalhe: essas outras também estão sendo investigadas pela PF.
Mas teve critério nesse corte, segundo a AGU. Eles pediram bloqueio das entidades com fortes indícios de que foram criadas só pra praticar fraude, registradas em nome de laranjas. E também as que tinham fortes indícios de pagamento de vantagem indevida a servidores.
E adivinha quem ficou de fora do pedido de bloqueio? Uma entidade presidida pelo irmão de um deputado federal do PT. E outra, que tem o irmão do Lula como vice-presidente. (Superbom pra imagem do governo excluir justo essas. A oposição faz a festa.)
Significa que essas entidades fizeram algo errado? Claro que não, né, darling? Mas se a PF tá investigando, fica meio esquisito excluir umas e outras não, do pedido de bloqueio de bens.
Tá fácil? Tá difícil. Vou ali comprar um pão pro Sidônio. Aliás, um pãozinho doce com farofa porque, né, Sidônio? Uma farofinha cai bem nesse momento.
E ainda tem mais
A Simone Tebet, nossa She-Ra do Pantanal e ministra do Planejamento, entrou na comunicação da crise também. Disse que o bloqueio do dinheiro não vai ser suficiente pra ressarcir todo mundo, então vão sim usar dinheiro público. Que beleza. Siga la pelota.
E ela disse que o Lula falou explicitamente que eles tinham que resolver, apurar e ter transparência duela a quién duela. Eis as aspas:
“Hoje temos um governo que, ao saber da matéria, diz: ‘Doa a quem doer, vamos caçar as ratazanas.’ Isso é crime de lesa-pátria. Nós estamos falando das pessoas mais vulneráveis.”
A ministra Tebet disse que o governo vai ter que fazer um pente-fino pra saber quem de fato foi lesado ou não. Porque muita gente, segundo ela, pode ter assinado a autorização e esquecido. Aff. (Boa sorte com isso, ministra.)
Aliás, esse foi um ponto abordado pelo Rui Costa também. Pra usar as aspas do ministro reproduzidas pelo Globo:
“Para quem autorizou (não é devida reparação), mesmo que ele tenha sido enganado.”
Pensamento aleatório: e os mais enganados não são justamente os mais vulneráveis? Ok, Sidônio, eu compro um bolinho de chuva também.
Pra quem tá perdido: Sidônio Palmeira é o publicitário-geral da República e foi chamado no começo do ano, em meio à crise do Pix, pra tentar fazer com que a comunicação do governo Lula melhorasse.
Câmara x Supremo
Xandão pediu e Zanin atendeu. O supremo Cristiano Zanin convocou uma sessão virtual extraordinária pra que os supremos da Primeira Turma decidam se é constitucional o projeto aprovado ontem pela Câmara que suspende a ação penal contra Ramagem (o deputado que faz parte do tal “núcleo dos líderes do golpe de Estado” junto com Bolsonaro, em processo que corre no Supremo).
Sinto cheiro de uma treta suprema, darling.
Basicamente, o próprio Zanin já tinha advertido a Câmara de que não dava pra suspender toda a ação penal porque a maioria da investigação trata do período anterior ao Ramagem virar deputado. (Pela Constituição, a Câmara pode decidir suspender uma ação penal contra um deputado até o fim do seu mandato.)
Apesar do aviso, os deputados — em sessão presidida por Huguito — aprovaram a resolução mesmo assim. E já tem gente querendo botar até o Bolsonaro nesse bolo da suspensão.
Enfim, os supremos podem começar a depositar seus votos a partir desta sexta e têm até terça que vem pra decidir.

Trumpices
O Trump assinou hoje, todo faceiro, um acordo com o Reino Unido no lance das tarifas. Mas, pelo que dizem os analistas dos jornais britânicos, não tá claro ainda o que exatamente foi acertado, já que um monte de pontos do acordo comercial ainda estão em discussão.
E sem contar que a tarifa geral de 10% vai continuar (Trump teria garantido ao Reino Unido que vai manter pra todos os outros países).
Mas o primeiro-ministro inglês saiu comemorando o fim das tarifas sobre o aço e o alumínio.
Não sei não… mas não tá parecendo um acordo comercial pra inglês ver?
Pra Trump, anunciar rapidamente um acordo dá a sensação pro resto do mundo de que as negociações estão em andamento.
E pra terminar: Habemus papa. E é isso. Sem mais delongas, BRASEW.
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