O julgamento histórico de Bolsonaro começa nesta terça, e o clima amplo, geral e irrestrito é de que nosso ex já foi condenado na Austrália. E olha que, nesta terça, devemos apenas ter um chá de leitura do relatório do processo. Relatório, relatório mesmo, darling. Aquela coisa de ele disse e o outro disse. Os votos dos supremos ministros — se condenam ou não Bolsonaro e os outros seis réus do núcleo crucial do golpe (e quais as suas penas) — só devem começar a ser lidos na semana que vem!!!

Só sei que Tarcísio já saiu dizendo que seu primeiro ato como presidente seria dar indulto para Bolsonaro, já saiu fazendo lobby por anistia, já está mais candidato a presidente do que nunca (apesar de negar que vai ser candidato a presidente. Ahã, claro, claro).

E ainda tiveram as mil análises já dando conta de que o supremo Fux vai divergir do voto do Xandão. Por um minuto, achei até que o Xandão já tinha votado e eu tinha perdido. Nada, o pessoal é que já formou convicção mesmo (quem nunca, né, Deltan?). Tá bom, o Xandão já deu tanto discurso parecendo já estar votando, que eu entendo o pessoal da análise.

Resumo da ópera: a surpresa mesmo será se o Supremo absolver Bolsonaro. Mas, como o roteirista de BRASEW toma alguma coisa que não sabemos o que é, e talvez ele não goste que a Austrália esteja sempre na nossa frente, eu fico esperando tudo, até a surpresa. Lá no fim dessa news eu dou mais detalhes e, caso você queira receber o #énoite no Zap, é só clicar aqui que já entra na comunidade automaticamente.

Para os perdidos. O julgamento é histórico porque é a primeira vez que um ex-presidente e militares de altas patentes serão julgados por uma tentativa de golpe de Estado no Brasil. Parafraseando Lula: nunca antes na História. Eis a listinha de quem será julgado: Bolsonaro, Alexandre Ramagem (atual deputado federal), Almir Garnier (ex-comandante da Marinha), Mauro Cid (ex-faz-tudo de Bolsonaro), Augusto Heleno (general e ex-ministro de Bolsonaro), Paulo Sérgio Nogueira (general e ex-ministro da Defesa de Bolsonaro) e Braga Netto (general e ex-ministro de Bolsonaro).

Para os perdidos 2: Bolsonaro está em prisão domiciliar, mas por conta de outra investigação que o acusa de tentar obstruir a Justiça com a história do seu filho Dudu fazendo lobby para que Trump tente prejudicar o país e dê sanções a supremos ministros — tudo para que Bolsonaro não seja julgado pelo Supremo.

Ciro Nogueira e as denúncias do PCC

A sorte mesmo é do Ciro Nogueira, o senador cacique do Congresso (e do PP) e candidatíssimo a ser candidato a vice do Tarcísio (aquele que diz que não vai ser candidato). Como todo mundo está interessado no julgamento do Bolsonaro e só se fala disso, pode ter passado batida a notícia dada por Leandro Demori, no ICL Notícias, de que já tem uma testemunha dizendo que Ciro recebeu propina do Beto Louco e do Primo, que eram personagens centrais na operação do PCC na Faria Lima.

A reação do senador foi imediata (negando veementemente) e ele mandou uma cartinha para o ministro da Justiça, Lewandas, o Lewandowski, dizendo para o ministro quebrar todos os seus sigilos, verificar todas as suas agendas, vídeos e o que mais for, para provar que ele não tem nada a ver com a história. Bom, aparentemente, o caso já está na Polícia Federal.

A listinha

Mas, porém, todavia, entretanto, contudo, parece que o cenário político já está traçado com essa história do PCC Faria Limer. Como já foi noticiado na semana passada, existe uma lista de políticos graúdos do centrão que, em algum momento, serão investigados. Já podemos aguardar que muito mais notícias virão por aí. (E eu não esqueceria que o esquema envolvia a adulteração de combustíveis.)

Venda de sentenças

Outra notícia que se perdeu no meio de tanto falatório do julgamento é a de que a Polícia Federal encontrou novas minutas de votos de ministros do Superior Tribunal de Justiça (um primo do Supremo Tribunal Federal) na investigação que apura suspeitas de um esquema de venda de decisões judiciais. Essa investigação é supervisionada pelo supremo Cristiano Zanin.

Os meninos superpoderosos

Hoje teve uma cúpula lá do outro lado do mundo, e, de repente, viralizou mundo afora um vídeo em que Xi, Modi e Putin sorriem, gargalham, dão as mãos e formam uma rodinha. Xi, da China; Modi, da Índia; e Putin, da Rússia. Os meninos superpoderosos. Sentiu o clima, darling? Clima de que Donald J. Trump (J de João, juro) ficou de fora?

Trump botou recentemente o mesmo tarifaço de 50% (aquele enfiado no Brasil) sobre o comércio com a Índia, porque o país compra da Rússia. No começo da história do tarifaço, chegou a botar, sei lá, uns 200% no comércio com a China, mas a China bateu na reciprocidade e, daí, Trump voltou atrás.

Trump também está fazendo o governo americano comprar fatias de empresas e até produção das empresas para evitar que chips americanos cheguem à China. Outro dia, o Wall Street Journal contou o que a China fez a respeito: botou a Alibaba para fazer chips e assim não depender da Nvidia. É quase tipo assim: ô pessoal, quem tá aí sem ter muito o que fazer? Faz uns chips aí.

O julgamento

Aqui um espacinho para contar sobre os principais pontos do julgamento sobre os chefões da tal tentativa de golpe que começa hoje:

  1. Minuta do golpe. Bolsonaro teria participado da elaboração da chamada minuta do golpe. Dois comandantes das Forças Armadas confirmaram reuniões para falar do golpe.
  2. Punhal Verde e Amarelo. Bolsonaro saberia do tal plano do Punhal Verde e Amarelo, que planejava matar Lula, Xandão e Alckmin. Mas o general Mário Fernandes disse que eram apenas pensamentos digitalizados (que ele imprimiu dentro do Planalto) e que nunca entregou o plano para ninguém. Mas a defesa de Bolsonaro diz que nenhuma prova de que Bolsonaro sabia foi apresentada.
  3. Delação do Mauro Cid. O ex-faz-tudo de Bolsonaro foi quem entregou a galera toda, e a defesa tenta derrubar a todo custo tudo o que ele falou, dizendo que não tem provas e que ele mudou versões o tempo todo. Insinuou-se até que Xandão teria intimidado Mauro Cid.
  4. 8 de janeiro. Bolsonaro estava nos States, e a defesa diz que ele não teve nada a ver com os atos antidemocráticos e que ninguém provou que ele tenha dito nada que tivesse incentivado o pessoal a fazer a tal festa da Selma. A defesa se pega nisso porque uma tentativa de golpe, segundo a lei, precisaria ter violência para configurar golpe de Estado.

O julgamento começa às nove da madrugada, e a Tixa, obviamente, vai acompanhar tudo e te contar tudo. E todo mundo só na expectativa para saber se Trump vai dobrar a aposta e se os bolsonaristas vão botar fogo no BRASEW ou só vão ficar observando. (Afinal de contas, a direita já tem até candidato a presidente dizendo que vai dar indulto e fazer anistia.)

Bora dormir, BRASEW. Amanhã tem muita parede pra subir!


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