Sei que parece piada, mas foi exatamente o que aconteceu hoje. Donald J. Trump (J de João), o alaranjado presidente americano, mandou dificultar a vida do Xandão aplicando a Lei Magnitsky. Nosso supremo xerife poderá ficar sem vida financeira e digital. Mas eis que, do outro lado, Trump recuou e liberou a vaselina brasileira do tarifaço. A vaselina e otrascositasmas. Metade das exportações brasileiras aos EUA ficaram de fora do decreto das sobretaxas.
A internet não perdoa e já está chamando o tarifaço de tarifinho do Trump (será?). Então, vamos lá tentar explicar o inexplicável: o decreto das tarifas do Trump e a sanção para o Xandão.

Sem vaselina, não dá!

A vaselina faz parte de uma lista de quase 700 produtos brasileiros que vão ficar de fora das tarifas de 50% que Trump decidiu impor ao Brasil (10% já estavam valendo e ele botou mais 40%). A listinha dos produtos que ficaram de fora do tarifaço inclui petróleo, suco de laranja e até os equipamentos de aviões da Embraer. (Mas, claro, que escolhemos lançar os holofotes sobre a vaselina porque, né? Representa bem a fase atual, BRASEW). Carne, café e sapatos seguem tarifados.

O recuo de Trump do lado econômico, que inclusive adiou a entrada em vigor das tarifas por sete dias, foi uma notícia muito melhor do que o governo Lula esperava (já que nem conseguiam sentar para conversar). Logo cedo, o New York Times publicou uma entrevista que fez com Lula e nosso presidente dizia que não ia aceitar ordens de Trump.

Xandão expiatório

Trump usou toda uma história de que o Xandão está violando direitos humanos como um argumento jurídico para justificar as tarifas de 50% no decreto do tarifaço. O rolê é o seguinte: pela lei americana, Trump não pode sair botando tarifa desse tamanho sem que haja uma “emergência nacional”.

Então, o presidente americano passou metade do decreto do tarifaço (tá bom, talvez tenha sido um terço ou um quarto) falando de como Xandão violou os direitos americanos e ameaçou a economia e soberania americana.

  1. Abusou de seu poder para perseguir opositores
  2. Autorizou prisões
  3. Confiscou passaportes com motivação política
  4. Mandou censurar postagens de redes sociais (inclusive de cidadãos americanos)
  5. Foi responsável por um processo contra um residente dos Estados Unidos por discurso feito nos EUA.

Isso tudo, segundo o Trump, claro. Eis o que ele escreveu:

“Essas ações judiciais colocam em risco a economia dos Estados Unidos ao coagir de forma tirânica e arbitrária as empresas americanas a censurar o discurso político.”

Trump também condena o governo brasileiro por perseguir o nosso ex, acusando injustamente Bolsonaro de crimes no segundo turno das eleições de 2022.
Enfim, vale esclarecer que quem está acusando Bolsonaro de crimes é a Procuradoria-Geral da República, e o caso está no Supremo.

Trump escalou

Se nas tarifas Trump deu uma recuada básica, na parte política ele escalou. Orange aplicou a pior sanção que pode dar a um cidadão estrangeiro. Xandão agora faz parte de uma lista que contém terroristas e ditadores. A propósito, a Lei Magnitsky foi criada para aplicar sanções contra crimes reais.

E o que, na prática, significa ser enquadrado nessa lei?

Basicamente, se Xandão tivesse bens nos EUA, já estariam congelados (ele não tem nada lá). Mas também significa que empresas que atuam em território americano não podem prestar serviços ao Xandão. Isso significa que ele não pode usar cartões que tenham as bandeiras Visa, American Express e Mastercard, por exemplo. A maioria dos bancos no mundo vai botar restrições nas operações do ministro (ainda não se sabe a extensão da sanção, pode ser que ele não tenha mais nem conta). Existe ainda a possibilidade de as big techs como Apple, Microsoft, Meta não poderem prestar serviços ao ministro. (Será que vão bloquear o Zap do Xandão?)

Luís Roberto Barroso, o supremo mor, se solidarizou e lembrou o óbvio: todas as decisões de Xandão foram referendadas por outros ministros supremos. (Já pensou se o Trump resolve bagunçar ainda mais?).

Mas Barrosè fez questão de dizer que era apenas uma nota serena de esclarecimento para o mundo e que não quer escalar conflito nenhum.

Notas dos Poderes pelo Xandão

Lula: O governo brasileiro se solidariza com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, alvo de sanções motivadas pela ação de políticos brasileiros que traem nossa pátria e nosso povo em defesa dos próprios interesses.

Huguito Motta: Como país soberano, não podemos apoiar nenhum tipo de sanção por parte de nações estrangeiras dirigida a membros de qualquer Poder constituído da República.

Supremo: Todas as decisões tomadas pelo relator do processo foram confirmadas pelo colegiado competente.

Davi, a estrela do Senado: nada de se manifestar, até o fechamento desta edição.

E os senadores que foram com um problema e voltaram com dois?

Nove senadores brasileiros foram para os Estados Unidos para dar uma conversada por lá para tentar amenizar o tarifaço. Foram recebidos por apenas um parlamentar republicano (e que nem é amigo do Trump) e alguns democratas. Mas eis o que ouviram dos próprios democratas: em 90 dias, o Brasil pode sofrer outra sanção, desta vez por lei votada no próprio Congresso americano.

É que o Congresso de lá quer aplicar sanções para países que negociam com a Rússia. E o Brasil está como? Comprando fertilizantes da Rússia (que é um insumo fundamental para o agro).

Combina com os russos

O Xandão fingiu normalidade e foi ver o jogo do Corinthians no Itaquerão. Mas o que eu quero mesmo saber é se o Xandão agora vai usar o cartão chinês da UnionPay e o Telegram dos russos. Se o Gilmar está preocupado em ser enquadrado na Magnitsky. E o que o Trump vai fazer com a vaselina, BRASEW.
Manifestação do Xandão parece que só na sessão de abertura do Supremo, na sexta.


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